Falar sobre saúde mental no trabalho nos dias atuais é muito importante, pois cada vez mais as pessoas estão sofrendo com a Síndrome de Burnout e outras doenças como depressão e ansiedade. Em entrevista ao Sagres Em Tom Maior, a psicóloga Andressa Moura, da Mina Consultoria, explicou como a pandemia tem afetado a saúde mental dos trabalhadores. 

“Não é novidade para ninguém o quanto a pandemia afetou de forma global as pessoas. Pesquisas muito recentes mostram que nós tivemos um aumento considerável de transtornos mentais ligados as organizações, como a Síndrome de Burnout, a depressão, a Síndrome do Pânico, fora a ansiedade e o estresse’, destacou.

“Uma pesquisa recente mostra que 37% das organizações relataram um aumento de transtornos mentais, o que é um número muito alto se considerarmos uma taxa a nível nacional. Então nós podemos perceber esse índice de estresse muito elevado, principalmente, pelas incertezas. Tivemos muitas mudanças esse ano, na vida pessoal mesmo e, nas organizações também” continuou.

“Altos níveis de desemprego e as pessoas que se mantiveram empregadas, estão com uma preocupação excessiva. Elas precisam mostrar serviço, precisam trabalhar ainda mais, precisam garantir que não vão ser demitidas e isso tem causado um estresse significativo para esse aumento dos transtornos mentais,” concluiu Andressa.

Home office

Umas das alternativas encontradas pelas empresas para que o trabalho continuem meio a pandemia, é o home office. No entanto, os gestores perdem o contato presencial com seus funcionários e muitas vezes não conseguem identificar que os seus colaboradores estão passando por problemas relacionados ao trabalho.

Andressa falou ressaltou que mesmo a distância, as organizações precisam prestar atenção na saúde de seus funcionários.

“O home office veio como uma válvula de escape para cumprir o isolamento social, mas muitas empresas ao longo dessa pandemia perceberam que estar em casa, em um ambiente fora da organização, ajudou muito os colaboradores a manter o equilíbrio da sua saúde mental, então a grande aposta para o pós pandemia é um modelo híbrido de trabalho”

“Então em muitas empresas o trabalhador vai poder optar que dia ele vai para a empresa, que dia ele vai ficar em casa, e esse acompanhamento ao home office precisa estar muito ligado a auto gestão. Nesse sentido é preciso fazer um acompanhamento com os colaboradores, reuniões, se possível diárias, para conseguir identificar se esse colaborador tem cumprido o horário exato, porque o importante é não ter esse excesso de trabalho.”

“Mesmo a pessoa estando em casa é necessário que ela cumpra a carga horária dela e consiga exercer as outras atividades pessoais. Então os gestores, principalmente, precisam agir ativamente junto com a área de gestão de pessoas, no contato direto com esses colaboradores, essa comunicação é imprescindível para que funcione, para que se consiga manter o equilíbrio e o acompanhamento desses colaboradores que estão atuando em regime home office”, argumentou.

Síndrome de Burnout

A ansiedade e o estresse são problemas conhecidos pela maioria das pessoas, porém, a Síndrome de Burnout ainda é uma doença nova, pouco conhecida e que afeta muitos trabalhadores. Andressa Moura, falou sobre os sintomas dessa síndrome.

“É uma síndrome ligada diretamente as questões do trabalho, então ela está relacionada ao esgotamento físico e mental. Onde a pessoa abdica de ter vida própria por conta do trabalho. O trabalho passa a ser a prioridade dela, passa a ser até mesmo o sintoma de auto estima”.

“A pessoa alcança auto estima somente quanto ela tem um bom resultado no trabalho e aí ela começa a viver de fato um esgotamento físico e mental também,  a ponto de causar estresses em níveis altíssimos e a perde da produtividade que é  quando a pessoa começa a trabalhar tanto que quando vem o esgotamento ela perde a produtividade, começa a não reder mais”, explicou.

“Começa a apresentar também alterações de humor e vários outros sintomas, e realmente esse esgotamento é voltado para as questões o trabalho. Porque a pessoa tira um pouco do significado da sua vida e passa a viver somente o significado do trabalho. Então o trabalho passa a ser a prioridade da vida dessa pessoa, essa é a principal característica dessa síndrome,” finalizou.

Assista a íntegra da entrevista com a psicóloga Andressa Moura, no Sagres Em Tom Maior