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O Brasil passa por um período eleitoral que, talvez, seja o mais tenso e confuso dos últimos pleitos, depois da democratização do país em 1988. Cada vez mais, a sociedade está dividida e o legislativo e executivo se apresentam segmentados pelos rótulos. Muitos candidatos e bancadas se autodenominam como da educação, da saúde, da família, dos estudantes, dos aposentados, dos religiosos, dos armamentistas, contra armamentos, da segurança pública, do agronegócio, etc. Enfim, dizem defender uma causa, um ideal, mas que, ao final, não percebem que estão restringindo suas atuações e, deixando de lado, a essência da política, que é o bem-estar de toda a coletividade.

Por carência e desinformação, muitos cidadãos estão depositando nos candidatos uma expectativa de heróis e salvadores da pátria. No Direito, existe uma expressão muito comum entre os juristas: “The king can do not wrong”, ou seja, o rei não pode errar. Trazendo para a política, a figura do rei remete os novos líderes eleitos. Será que eles, banhados pela visão heroica, poderão falhar em sua função? Será que as autoridades públicas e cidadãos que ingressaram na política serão grandes administradores, exercerão com plena capacidade a arte de comandar e organizar o estado em benefício do bem comum para todas as classes?

É sabido que para se candidatar a um cargo eletivo e representar os interesses da sociedade, é necessário preencher os requisitos do parágrafo 3° do artigo 14 da Constituição Federal de 1988, bem como da Lei 4.737/65 – Código Eleitoral. Além disso, é muito importante para o exercício da democracia, a pluralidade e diversidade de candidatos e, neste ponto, o Brasil está muito bem, aliás, apresentamos uma quantidade e uma diversidade abundante.

Se partimos do pressuposto de que a política é a arte de organização e direção, um bom candidato deveria ser um administrador em sua essência. Porém, sabemos que política não é só administrar, mas, também, conciliar, ceder, escutar, comandar, delegar. É preciso analisar vários aspectos ao depositar nosso voto em um candidato.

Esta simples reflexão não é para criticar qualquer cidadão que se aventure ao pleito eleitoral, aliás, é para refletirmos sobre a importância da democracia, do voto e da eleição que se aproxima. O voto tem um poder imenso e inimaginável para o país e, talvez, seja o maior instrumento que a população pode ter para definir a trajetória da sociedade em que vive. Tanto que a Constituição Federal, em seu artigo 1° parágrafo único, reza: todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente nos termos da constituição.

Ao elegermos, talvez, heróis da política e salvadores da pátria, estejamos esquecendo que o rei erra, o Estado erra, políticos e o ser humano erram e, com isso, toda a sociedade perde.

Neste momento tão importante na história do Brasil, todo cidadão deve se pautar na busca por uma sociedade mais ética, mais justa e igualitária para o bem-estar de todos, sem intolerâncias, sem preconceitos e buscar a todo custo o diálogo, sabendo escutar e, acima de tudo, ter o respeito a seus pares para que possamos escolher bem os nossos futuros representantes.

Ewerton Bellinati é advogado e coordenador adjunto do curso de Direito da Uniderp.