A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê o fim da pandemia da aids até 2030. A informação é do relatório “O caminho que põe fim à aids”, estudo global do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). Além do indicador otimista, o documento sugere ações contra as ameaças à saúde pública.

Especialistas entendem o relatório como otimista. A aids atualmente é uma epidemia e pandemia. O cenário é possível por causa do número de casos acima do esperado em um mesmo local e ao mesmo tempo ter transmissão comunitária em vários países de todo o mundo.

Ricardo Vasconcelos, médico infectologista, aponta uma queda relevante no  número de novos casos e o avanço do método de tratamento. “Hoje existem as profilaxias pré-exposição, aqueles métodos de prevenção em que uma pessoa negativa para HIV toma medicamentos antirretrovirais com o objetivo de reduzir os riscos de se infectar com esse vírus”, destaca.

Para Eliseu Alves Waldman, professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, o relatório se baseia em dados objetivos, como a melhora na cobertura do tratamento com antirretrovirais. “A transmissão será mantida, mas em níveis bem mais baixos, com menor impacto na saúde e condições de vida das populações”, afirmou.

Saúde pública

O relatório também sugere estratégias de combate a doenças que são ameaças à saúde pública. No caso da aids, por exemplo, o documento pontua que a doença “parecia imparável” há duas décadas. Aproximadamente 2,5 milhões de pessoas contraiam o HIV por ano, com 2 milhões mortes por causa da AIDS anualmente.

“Dados do UNAIDS mostram que atualmente, dos 39 milhões [33,1 milhões a 45,7 milhões] de pessoas vivendo com HIV em todo o mundo, 29,8 milhões estão recebendo tratamento que salva vidas. Um adicional de 1,6 milhão de pessoas receberam tratamento para o HIV em cada um dos anos de 2020, 2021 e 2022. Se esse aumento anual for mantido, a meta global de 35 milhões de pessoas em tratamento para o HIV até 2025 poderá ser alcançada”, destaca o relatório.

Print do relatório O caminho que põe fim à aids

O documento ainda pontua que as respostas de combate a AIDS são construídas em conjunto pelos países e comunidades. Assim, com o possível fim do status de epidemia e pandemia irá iniciar-se o período endêmico da doença. Desta forma, serão registrados casos regularmente, porém, com variação de contexto e localização. 

No caso do Brasil, o médico infectologista Ricardo Vasconcelos, destaca o controle do vírus pelo setor da saúde desde a década de 1980. “O País tem acesso a tratamentos do HIV de última geração com menos efeitos colaterais e com menos comprimidos”, disse.

Atenção ao otimismo

Os avanços dos métodos de tratamento e controle do vírus geram as boas expectativas de rebaixar o atual status da AIDS. No entanto, os especialistas pontuam uma atenção a esse otimismo: a desigualdade social na distribuição dos tratamentos e profilaxias.

“A desigualdade de acesso à saúde é o principal combustível para que uma epidemia continue ainda ativa com novos casos todos os anos”, afirma Vasconcelos.

Waldman, por sua vez, destaca medidas importantes para chegarmos a 2030 com a previsão cumprida. Então, fortalecer o SUS e educar adolescentes, jovens e adultos sobre a prevenção da doença.

Além disso, o professor da USP citou a influência dos descrédito na ciência nas políticas de saúde pública, a barreira do estigma às pessoas portadoras do vírus e, ainda, o investimento financeiro para enfrentar a Aids.

Confira o relatório na íntegra:

*Com informações do Jornal da USP

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU); Nesta matéria, o ODS 03 – Saúde e bem-estar.

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