O mundo do catolicismo está abalado nesta segunda-feira (11). O Papa Bento XVI vai anunciar, de forma oficial, nas próximas horas, a sua renúncia ao posto de líder religioso no mundo inteiro no dia 28 de fevereiro. A informação já é confirmada pelo Vaticano e foi anunciada em latim pelo Papa durante o consistório para a canonização dos mártires de Otranto.

As informações iniciais repassadas pelo Vaticano é que Joseph Aloisius Ratzinger, de 85 anos, alegou cansaço e um peso muito grande sendo carregado como pontífice. Ele iniciou a liderança em 2005, após o falecimento do papa João Paulo II. No ano passado, o Papa Bento XVI já havia dado sinais de cansaço e declarou que estava “na última etapa de sua vida”. O Papa tentou explicar a sua decisão aos fiéis católicos.

“Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando”, disse o religioso.

Bento XVI foi o quarto papa a renunciar ao posto. O primeiro deles foi o Papa Ponticiano, no ano de 235. O segundo foi Celestino V, no ano de 1294, e o terceiro e último foi o papa Gregório XII em 1415, que acabou com o período conhecido como Cisma do Ocidente.

Confira as palavras do Papa ao anunciar sua decisão

Caríssimos Irmãos,

convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.