O Governo Federal emitiu o primeiro alerta hídrico nacional em 91 anos. Também há um alerta emitido pelo Estado de Goiás, em função do período seco na região. A superintendente de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Camila Roncato, afirmou que Goiás se aproxima do nível crítico e, diante disso, pediu um uso consciente da água. “Que todos nós possamos usar a água de maneira bem consciente, economizar em casa, reaproveitar a água da máquina de lavar, diminuir o tempo do banho, que aí a gente vai conseguir passar a estiagem sem faltar água para ninguém”.

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A superintendente explicou que há um plano de racionamento finalizado, com projeção de quais os bairros podem ser afetados e que, se necessário, terão que passar por um rodízio. “Nós ainda estamos em julho, então ainda está cedo para estar nessa vazão. Quando chega no nível crítico 2, com vazão em 4 mil litros por segundo, esse plano é entregue oficialmente para que a agência avalie e valide o plano de racionamento”.

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Camila relatou que após a seca em 2017, quando o nível do Rio Meia Ponte caiu de maneira significativa, ações foram desenvolvidas como a recuperação de nascentes e matas ciliares para poder recarregar o lençol e manter o nível do Meia Ponte mais alto mesmo durante a estiagem.

“Nós não chegamos mais em um nível como o de 2017, mas é importante que todos estejam envolvidos, os agricultores, fiscalização, a Semad (Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) e a Saneago, nas ações que acontecem na bacia do Meia Ponte, principalmente, que é responsável por 50% do abastecimento de Goiânia e Região Metropolitana.

Para evitar o desabastecimento, o Estado conta hoje com interligação de reservatórios, que antes só eram abastecidos pelo Sistema Meia Ponte, mas que hoje também contam com o Sistema Mauro Borges. O que ocorre no momento é fruto da soma de vários fatores. “Mudanças climáticas, a degradação da bacia hidrográfica, então não tem a recarga ideal que tem que acontecer. E nós estamos acumulando um déficit de chuva nos últimos anos”.

Planejamento

Um estudo hidrológico é feito em Goiás para identificar os mananciais que vão abastecer Goiânia e Região Metropolitana até 2070. A superintendente contou que o plano prevê a construção de barragens para regularização da vazão. “É obrigatório, é condição sem a qual não poderemos continuar”.

Também foram encontradas algumas barragens menores em propriedades, que a Semad já entrou em contato com os donos e está viabilizando material para fazer com que a água desses locais tenha uma saída para manter o nível do Rio Meia Ponte. “É uma reserva muito importante para gente também”.

Segundo a superintendente, quando não estamos no período de estiagem, o Rio Meia Ponte abastece cerca de 50% da Região Metropolitana, mas há outros sistemas, como o João Leite que após iniciar suas operações reduziu a dependência do Meia Ponte. “Eu estimo que durante a estiagem, o João Leite consiga atender até 70% da Região Metropolitana de Goiânia, incluindo Trindade e Aparecida”. Vale ressaltar que o Ribeirão João Leite já possui uma grande barragem.