Um dos jogadores mais representativos no futebol goiano nos últimos anos, Pedro Bambu tem passagens por Atlético, Goiás e Vila Nova. Foi justamente no Tigrão, último clube que defendeu em Goiânia, que o meio-campista, que no último estadual defendeu o Iporá, viveu um dos momentos mais complicados no futebol: a chegada da pandemia de Covid-19 no início de 2020.

“Era um medo muito grande”, lembrou Pedro Bambu. Mas claro que os problemas enfrentados durante a pandemia não foram exclusividade do então vilanovense.

No mundo inteiro o futebol passou por mudanças e teve de conviver com situações como paralisação de treinos e jogos, criação de um protocolo de saúde para jogadores e em determinado momento, jogar sem a presença da torcida nos estádios. O clima era de incerteza, como descreveu Pedro Bambu durante o Podcast Debates Esportivos que reviveu como foi a chegada da pandemia no futebol.

Incerteza

No programa, que também contou com entrevistas do presidente do Atlético, Adson Batista, e do técnico Ney Franco, que comandava o Goiás na época da paralisação, Bambu relembrou a incerteza que tomava conta do mundo do futebol.

“Lembro de conversar com a minha esposa, que seria difícil ter campeonatos, porque os casos só aumentavam. Tinham pessoas que não estavam preocupadas”, disse Bambu, que detalhou como foram os dias de treinos em casa.

“Quando o presidente se reuniu com a gente e falou que todos deveriam ir pra casa porque o campeonato estava paralisado e o clube seria fechado, a comissão técnica nos passou treinos pra fazer em casa. Graças a Deus onde moro, tinha condições de treinar fisicamente na rua. Lembro que ficava sozinho correndo. Também treinava em casa pra não perder o preparo físico, mas a gente não tinha nenhuma expectativa de volta”.

O alívio pela volta aos treinos se misturava com a felicidade de poder “bater na bola” e conviver novamente com os companheiros mesmo com todas as restrições.

“Teve uma vez que falaram que em 15 dias voltaríamos, mas chegou o momento e não teve como. Primeiramente ficamos no volta e não volta, os jogadores conversavam entre si, todo mundo na expectativa, até que voltamos, deu um alívio muito grande. Colocar os pés em campo foi uma alegria muito grande”, destacou o jogador.

Cuidados

Para Pedro Bambu, sobretudos as restrições dentro do clube, fizeram com que o cuidado aumentasse fora do OBA e até dentro de casa com os familiares. Separar as roupas, utilizar o álcool em gel, pra só depois ter um contato com os parentes eram ações frequentes.

“Até hoje eu não peguei. Fiquei com muita gente nos quartos da concentração, a maioria pegou, como o Alan Mineiro, o Fabrício, que também pegou, eu sentava ao lado dele no vestiário. lembro que estávamos concentrados no mesmo quarto, eu e o Alan (Mineiro), ele tava com Covid e eu não. O Mário Henrique foi outro, mais próximo, que pegou e eu não”, recordou Bambu, que brincou como eram ruins os exames, o tal “cotonete no nariz”

“Esse exame, pelo amor de Deus. A gente brincava que nem tinha como respirar mais. Fazíamos duas vezes por semana. Todos sabíamos que era para o nosso bem, mas ao mesmo tempo, deixava a gente tenso, porque era muito ruim. Era complicado”.

Lições

O auge da pandemia passou e o futebol voltou ao normal. Pedro Bambu, hoje com 35 anos, aguarda propostas enquanto cuida de dores no joelho. Além da experiência adquirida pelas diversas temporadas em ação, o meio-campista, que já passou dias e dias fora de casa por causa de viagens e jogos, fez questão de mostrar o que aprendeu com as dificuldades impostas pela Covid-19.

“Aprendi muito com o sofrimento dos outros. Então passamos a dar valor em tudo o que temos. Ficamos mais em família, foi um ano difícil, mas também foi importante, porque todos nós reclamamos muito das coisas”.

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