Uma pesquisa da Universidade de Campinas (Unicamp) mostra que a população negra foi a mais afetadas pelas crises econômicas que atingiram o Brasil em 2015 e 2020. A economista Ana Paula Ribeiro utilizou um software de programação para sistematizar os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre informalidade e baixa renda entre 2012 e 2021.

De acordo com o estudo, 1,32 milhão de pessoas negras estavam desalentadas em 2012, o que correspondia a 69% do total. É considerado desalentado aquele que desistiu de procurar emprego, mesmo que ainda queira trabalhar. Em 2019, 74% dos desalentados no Brasil eram negros, um total de 3,5 milhões de pessoas.

Os números mostram que, além da explosão do número absoluto de desempregados no Brasil, a proporção de pessoas negras sem emprego aumentou 5%. Após a pandemia de Covid-19, em setembro de 2020, esse número aumentou ainda mais e atingiu o pico, chegando a R$ 4,2 milhões de pessoas negras sem expectativa de conseguir emprego. No período, de acordo com o estudo da Unicamp, 72% desses desalentados eram negros.

A pesquisa de mestrado foi desenvolvida através do programa de pós-graduação em Desenvolvimento Econômico da Unicamp e utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE. O estudo analisou os números de emprego sem carteira assinada, trabalho por conta própria e pequeno empregador sem inscrição no CNPJ, em associação ao rendimento mensal menor que um salário-mínimo, como definidores da precariedade ocupacional.

Conclusão

Os números indicam que a população negra é mais vulnerável às alterações no mercado de trabalho. A pesquisa atesta ainda uma fragilidade das políticas públicas de redução das desigualdades sociais, desenvolvidas de 2003 até 2014. A falta de registro formal e a baixa remuneração agravam o problema, por não garantirem proteção da seguridade social diante do desemprego.

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