Um estudo da Escola de Ciências e Engenharia Ambiental de Shenzhen, na China, publicado na revista Nature, apontou que a proliferação de algas costeiras pode estar ligada a um desequilíbrio dos ecossistemas marinhos. A pesquisa foi realizada por meio de dados de satélite coletados pela agência espacial norte-americana (Nasa).

Conforme publicado no artigo, os pesquisadores detectaram um aumento na proliferação de fitoplâncton (microalgas) em todo o planeta nos últimos 20 anos. As algas são organismos essenciais para manter o equilíbrio da biosfera terrestre, no entanto, a proliferação acelerada identificada pela Nasa pode revelar um desequilíbrio ambiental.

Frederico Brandini, professor do Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo, explicou em entrevista ao Jornal da USP como a Nasa conseguiu detectar a proliferação desses seres microscópicos. Então, a agência coletou imagens de satélite que apresentavam uma coloração verde, que é emitida pelas algas por causa da clorofila em seu processo de fotossíntese. 

“Quando a radiação solar bate no oceano, reflete sobretudo a luz verde, que é oriunda dessas microalgas, desses pigmentos fotossintetizantes”, afirmou.

Importância das algas

A medida planetária dos pesquisados para a proliferação de algas foi realizada por meio de algoritmos computacionais. Assim, os pesquisadores observaram que os dados de satélite mostraram uma concentração da cor verde, reflexo da clorofila, nas águas oceânicas de todos os continentes. 

Apesar da presença deste organismo ser benéfica para o equilíbrio da biosfera e servir de alimento para crustáceos microscópicos, o aumento acelerado preocupa os especialistas. Porque os dados mostraram uma concentração de 20% a 30% maior dessas algas nos últimos 20 anos em todo o mundo. Desta forma, afirmou Brandini, a presença desses organismos podem prejudicar a atividade humana nos mares.

“As algas, quando crescem demais, acumulam matéria orgânica no sedimento marinho. Isso demanda mais oxigênio para ser degradado, causando condições anóxicas (com baixa concentração de oxigênio)”, contou.

Atividade humana



Além de afetar os ecossistemas marinhos, essa proliferação acelerada pode prejudicar a atividade humana nas águas oceânicas. Conforme o professor da USP, as mudanças climáticas influenciam essa proliferação. Entretanto, ele destacou que prever a proliferação é a melhor maneira de minimizar as consequências. “Com modelagens podemos fazer previsões”, disse.

Brandini contou então que essas previsões envolvem a observação dos ventos, das marés e as condições de temperatura. “Assim, podemos saber, mais ou menos, quando será propício para proliferação dessas algas. E aí, podemos prever blooms, os florescimentos de algas nocivas com uma certa antecedência”, explicou.

*Com informações do Jornal da USP

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