A pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Verônica Rego Moraes, desenvolveu formulações cosméticas específicas para a pele de pessoas diabéticas. Moraes considerou os efeitos da doença na autoestima de mulheres e estudou formulações cosméticas com extratos naturais de alga e girassol e seus benefícios.

Verônica Moraes desenvolveu o estudo em seu doutorado. Assim, ela observou o rosto de 59 mulheres, entre 39 e 55 anos. Para o estudo, a pesquisadora dividiu as mulheres em três grupos. Desta forma, um grupo usou um produto cosmético já existente no mercado, outro usou um cosmético com extrato de alga vermelha e o outro utilizou o cosmético com os extratos de alga e girassol. 

Os grupos utilizaram os produtos durante 90 dias. Segundo a pesquisadora, a escolha pelos ativos de alga vermelha e semente de girassol deu-se pelo efeito de antiglicação que eles apresentam. Moraes disse ainda que o uso dos extratos são é inédito em pesquisas para a pele diabética.

Autoestima

Verônica Moraes acredita que compreender os efeitos da diabete na pele das pessoas e produzir cosméticos específicos para essas pessoas melhora a saúde e a autoestima. Por isso, o estudo em questão foi realizado com mulheres, observando a pele do rosto.

“É sobre autoestima também. O rosto geralmente é mais visado. Com uma pele mais sensível é complicado achar produtos, entre outros, que sejam focados para esse tipo de pele”, contou a pesquisadora.

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) apontou que 15,8 milhões de brasileiros tinham diabetes em 2021 e a doença causa danos nas fibras de colágeno da pele. Caracterizada pela má manutenção do metabolismo da glicose ou por altas taxas de açúcar no sangue, ela então provoca uma reação entre glicose e moléculas do processo de envelhecimento do corpo humano.

A pesquisa de Moraes focou no controle das alterações da derme decorrentes da condição diabética. “Esse conhecimento é importante porque em termos de envelhecimento da pele isso pode incomodar e prejudicar a qualidade de vida e bem-estar do paciente. Também, para prevenir algumas doenças e cuidar de cicatrizes, porque a perda de água deixa a pele seca e mais suscetível a dermatite de contato [irritação]”, afirmou.

Resultados

Os resultados foram positivos nos grupos que usaram os extratos de alga e girassol. A pesquisadora observou uma melhora no padrão do colágeno e na espessura da derme. Desta forma, Moraes acredita que seu estudo vai ajudar na criação de cosméticos específicos para pessoas com diabetes.

“Esses métodos vão dar suporte na definição de uma estratégia para elaborar a formulação adequada de cosméticos para esse público específico”, destacou. Os estudos e o desenvolvimento das formulações ocorreram no Núcleo de Estudos Avançados em Tecnologia de Cosméticos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto (FCFRP).

Apesar dos resultados positivos, ainda não há projeto para produção e comercialização do produto.

*Com informações do Jornal da USP

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