Saber o que é o sistema alimentar e a função de cada ator da sociedade na construção de uma saúde mundial. Este é um dos objetivos do curso de educação alimentar voltado para educadores da rede municipal de Águas de Lindoia, no interior de São Paulo.

O conteúdo do curso, sob o título Educação alimentar para a saúde planetária, no entanto, tem produção de autoria dos pesquisadores do Sustentarea. Trata-se de um núcleo de extensão da Universidade de São Paulo (USP), criado em 2012.

O objetivo é fazer com que os professores possam informar e discutir alimentação saudável e sustentável nas escolas. Baseados em evidências científicas, os educadores poderão promover mudanças positivas nos hábitos alimentares e de vida de pessoas e instituições.

Transversalidade

A nutricionista, professora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP, Aline Martins de Carvalho, coordena o Sustentarea. Em entrevista à Revista Educação, ela explica que a parceria entre o núcleo e a Secretaria de Educação começou, porém, durante a pandemia.

“Com o desenvolvimento de materiais educativos sobre alimentação e sustentabilidade para merendeiras, professores e alunos”, afirma. “Foi uma parceria que deu tão certo que resolvemos expandi-la, agora codesenvolvendo um curso para professores sobre educação alimentar e nutricional e também sobre sustentabilidade, uma vez que são temas transversais que devem ser inseridos nas aulas, mas a respeito dos quais os professores não têm formação específica”, complementa Aline.

Com formato híbrido e abordagem teórico-prática, porém, o curso visa ainda fomentar o debate sobre sistemas alimentares, alimentação saudável e cultura alimentar. Além disso, abordará direito humano à alimentação adequada e segurança alimentar e nutricional, sob o prisma da sustentabilidade.

A alimentação terá abordagem como tema contemporâneo transversal, previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), fornecendo “ferramentas práticas para que professores e gestores desenvolvam e implementem projetos integradores na área”.

“O tema é importante e oportuno para toda a comunidade. Então, esperamos que os educadores aproveitem essa experiência, tendo benefícios para suas próprias vidas e, assim, se tornando também exemplos e inspiração para nossos alunos”, afirma Ana Cristina Bueno Fernandes, secretária municipal de Educação de Águas de Lindoia. 

Pela internet

A parte online será na plataforma Moodle, pelo site de cursos de extensão da USP. Na ferramenta, haverá disponibilização de seis apostilas criadas pelo Sustentarea, que compõem o material teórico principal. Entre os temas estão sistemas alimentares, fundamentos da educação alimentar e nutricional (EAN), planejamento em EAN, práticas de EAN no cotidiano escolar e EAN e sistemas alimentares como temas contemporâneos transversais.

Além disso, a plataforma trará ainda vídeos e outros materiais complementares, e um quiz para a avaliação da aprendizagem a cada unidade. As etapas presenciais serão compostas por dois encontros na Secretaria de Educação, entre a equipe do Sustentarea e os professores da rede.

O curso será obrigatório para as escolas da rede pública do município. Em semanas alternadas, os professores terão acesso à apostila correspondente à unidade. Além disso, poderão acessar os materiais complementares, o quiz e um fórum de discussão online com mediação da equipe do Sustentarea. As atividades serão individuais e intercaladas com atividades coletivas.

Funcionará assim: na primeira semana os professores irão ler a apostila, acessarão os materiais complementares, realizarão o quiz e participarão do fórum.

Na seguinte, todos os profes­sores de cada escola se reúnem para realizar uma atividade em grupo. Essa etapa consiste na elaboração de um projeto transdisciplinar, aplicável à realidade da escola, a partir dos conhecimentos desenvolvidos no curso. 

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