O grupo de modelagem da expansão espaço-temporal da covid-19 em Goiás, da Universidade Federal de Goiás (UFG), divulgou a terceira nota técnica com a atualização da progressão da doença entre 22 de maio e 31 de julho de 2020. De acordo com o levantamento, o pico das demandas hospitalares – leito clínico e leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – e no número de óbitos poderá ocorrer na segunda quinzena de julho, se o índice de isolamento social continuar abaixo dos 40% no Estado.

Na avaliação dos pesquisadores, o distanciamento social contribuiu para redução da velocidade de transmissão do vírus SARS-CoV-2 no Estado no mês de abril de 2020, mas a partir da última semana de abril o número reprodutivo efetivo (Re) passou a apresentar uma tendência de aumento progressivo. Isso ocorreu porque, após atingir um alto índice de isolamento social em meados de abril, observou-se uma tendência de redução gradual do isolamento social ao longo do tempo, na maior parte dos municípios do Estado.

Essa tendência, que já podia ser observada nas análises e definição de cenários das duas primeiras notas técnicas, tornou-se ainda mais acentuada. O que confirma que as estimativas publicadas na nota técnica 1 e na nota técnica 2, conseguiram predizer com bastante precisão a evolução do número de eventos e demanda por leitos no estado de Goiás e município de Goiânia.

“Pela dinâmica do modelo de simulação estima-se que, até 22 de maio de 2020, um total de 136.203 pessoas já podem ter sido infectadas pelo SAR-CoV-2 em Goiás, o que significa por volta de 1,94% da população do Estado (estimada em 7.017.505 pessoas)”, constata o estudo.

Nesta quarta-feira (27), a epidemiologista Cristiana Toscano, da UFG, afirmou em entrevista à Sagres 730 que não é hora de flexibilizar o funcionamento de lojas e de prestadores de serviços. “Agora é o momento mais crítico”, disse, completando que qualquer pessoa com responsabilidade e conhecimento sabe disso.

Cenários

A pesquisa, divulgada em 26 de maio, apresenta três possibilidades de cenários azul, verde e vermelho, que relacionam o percentual de distanciamento social com a probabilidade do aumento da hospitalização em leitos clínicos, de UTI e também os óbitos por covid-19. O cenário azul, poderá ocorrer se o índice de isolamento social em cada município goiano voltar a ficar entre 50-55%, como foi observado entre os dias 22-29 de março deste ano.

O verde está projetado se o isolamento for de 38,29% na média estadual, da mesma forma que ocorreu entre 16 e 22 de maio. O terceiro cenário, vermelho, baseia-se na projeção de variação do isolamento social em cada município, conforme foi observado entre os dias 9 e 22 de maio, com a média estadual ficando abaixo de 37,91%.

“A evolução da transmissão da doença segundo os cenários verde e vermelho resultará em uma demanda de leitos que o sistema de saúde atualmente não é capaz de ofertar. Ainda, poderá resultar em um número acumulado de ao redor de 4.000 mortes por covid-19 no estado”, destaca a nota técnica.

Projeção

De acordo com a pesquisa, na conjuntura azul, estima-se até final de junho um número acumulado entre 2.183-2.963 pacientes internados em leito hospitalar, que aumentará para entre 3.365-4.418 até o final de julho. A projeção de pacientes internados em leitos de UTI é de um número acumulado entre 604 e 818 até final de junho, que aumentará para entre 956-1.257 até o final de julho. Espera-se em Goiás um total acumulado de óbitos por covid-19 entre 387-530 no final de junho, e entre 634-839 no final de julho.

A projeção para o cenário verde é de um número acumulado entre 5.884-7.777 pacientes internados em leito hospitalar até final de junho, que aumentará para entre 21.047- 23.803 até o final de julho. Estima-se até final de junho um número acumulado entre 1.466-1.961 pacientes internados em UTI, que aumentará para entre 5.579-6.439 até o final de julho. Sob o cenário verde, espera-se em Goiás um total acumulado de óbitos por covid-19 entre 836-1.130 no final de junho, e entre 3.443-4.054 no final de julho.

Já no cenário vermelho, a estimativa é um número acumulado entre 7.919 – 10.561 pacientes internados em leito hospitalar até final de junho, que aumentará para entre 31.842 – 34.019 até o final de julho. O número acumulado de pacientes internados em UTI até final de junho está estimado entre 1.915 – 2.584, que aumentará para entre 8.586 – 9.327 até o final de julho. Nesse cenário, é esperado também um salto no total acumulado de óbitos por covid-19 entre 1.052-1.438 no final de junho, e entre 5.360-5.938 no final julho.