Os números de infectados pelo novo coronavírus tem aumentado diariamente em Goiás. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde, a Covid-19 já matou 23% a mais de goianos em agosto do que o registrado ao longo de julho. Além disso, o número de contaminados subiu 47% se comparado a julho.

O professor do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás, João Bosco Siqueira, explicou à Sagres nesta terça-feira (1°), que é importante o esclarecimento da Secretaria de Saúde sobre o avanço considerável dos números no Painel Covid-19. “A resposta da Secretaria de Saúde do Estado é fundamental para contextualizar esses dados e ajudar a entender o que realmente aconteceu. Mas hoje estamos claramente no platô de máximo de casos que estamos vivendo”.

É possível que o alto número de registros nos últimos dias sejam decorrentes de problemas no sistema de registros, como defendeu João Bosco. “Quando vemos mudanças tão bruscas nos números, precisamos buscar explicações para isso. Pode ter realmente acontecido, mas também pode ser uma dificuldade de registro de dados”.

Contudo, o professor ressalta uma confusão que pode existir na compreensão da população sobre o tema instabilidade da pandemia. “Quando dizemos que está estável, as pessoas não entendem que está estável no pico. Ainda estamos no máximo que vivemos neste momento, mas muitas pessoas estão pensando que o termo estável quer dizer que já passou”, pontua.

Se comparada a epidemias como a dengue, o professor analisa que há uma grande diferença na curva do pico da doença. “Quando voltamos ao passado para analisar outras epidemias talvez o melhor exemplo seja dengue. A curva epidêmica subia e descia, a semana de pico era uma semana de pico, mas aqui é muito diferente. Aqui a curva sobe, permanece alta por vária semanas para depois começar a descer”, observa.

João Bosco destaca ainda que a duração do pico da doença no Brasil já chama atenção por sua duração. “O que chama muito a atenção é que essa duração do nosso pico vai ser, talvez, uma das mais longas do mundo. O Brasil como um todo pela forma como reagimos. Estávamos com muitas atividades abertas e a população na rua, diferente de outros locais”, pontua.