O cenário de possível fim da eleição ao governo de Goiás no primeiro turno, por conta das baixas intenções de votos dos pré-candidatos petista e bolsonarista, e a retomada do discurso golpista contra a Justiça Eleitoral são os temas desta edição do PodFalar. O primeiro podcast de política de Goiás segue com apresentação e comentários dos jornalistas Rubens Salomão e Rafael Rodrigues, enquanto Samuel Straioto tem merecido descanso.

O presidente Jair Bolsonaro e o partido ao qual está filiado, o PL, têm até a próxima semana para se manifestar sobre as declarações do chefe do Executivo na reunião com os embaixadores estrangeiros, em que ele tentou, mais uma vez, desacreditar as urnas eletrônicas. A decisão é do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, atendendo a ação protocolada pelo PDT.

A reunião, realizada na última segunda-feira, ocorreu no Palácio da Alvorada e teve a repetição de ataques de Bolsonaro contra a Justiça Eleitoral e a integridade das urnas. O presidente apresentou, com slides, notícias falsas sobre o processo eleitoral de 2018 e, mais uma vez, acusou, sem provas, os magistrados de tentarem “desestabilizar” o seu governo.

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Os dias seguintes marcara manifestações de repúdio de diversas instituições diante dos ataques. O presidente do TSE, Edson Fachin, mandou recados duros a Bolsonaro. O magistrado disse que estão tentando “sequestrar a opinião pública” e que é hora de “dizer um basta à desinformação e ao populismo autoritário”.

Manifestações

Além de uma repercussão internacional negativa, as falas do presidente Jair Bolsonaro sobre as eleições geraram ainda reações de repúdio no Judiciário e no ambiente político. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG) emitiu nota em que defendeu haver “obviedades e questões superadas, inclusive já assimiladas pela sociedade brasileira, que não mais admitem discussão”.

O presidente do STF, ministro Luiz Fux, repudiou na terça tentativas de questionamento do processo eleitoral, mas sem citar o nome de Bolsonaro. O presidente em exercício do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Jorge Mussi, também afirmou em nota que tem “plena confiança no processo eleitoral brasileiro e no Tribunal Superior Eleitoral”.

Procuradores da República e entidades de categorias da Polícia Federal afirmaram que Bolsonaro faz campanha de desinformação e avilta a liberdade democrática. Eles ainda acionaram o procurador-geral da República, Augusto Aras, para que o presidente seja investigado.

O ofício é assinado por 43 integrantes do Ministério Público Federal que atuam como procuradores dos direitos do cidadão e endereçado à Procuradoria-Geral Eleitoral, comandada por Aras.

Demorou, mas o PGR se manifestou indiretamente contra Bolsonaro na quinta-feira, quatro dias depois das falas do presidente aos embaixadores. Augusto Aras postou vídeo antigo em que defende a credibilidade das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral brasileiro.

Análise

Apesar da quantidade de manifestações contrárias aos ataques de Bolsonaro, a cientista política Mayra Goulart aponta que as instituições democráticas têm sido “coniventes” com o presidente. Mayra é professora da UFRJ e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada da Universidade.

Já o cientista político e professor da UFG, Frank Tavares, aponta que as declarações de Bolsonaro representam crime de responsabilidade, enquanto o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, segue em silêncio.

Segundo bloco

Enquanto o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro lideram as intenções de voto em Goiás, seus representantes na disputa ao governo do estado ainda patinam nas pesquisas.

Pelo Bolsonarismo, o deputado federal Major Vitor Hugo (PL), tem 3,1% das intenções de voto, enquanto, pelo petismo, o ex-reitor da PUC/GO, Wolmir Amado, tem 1%. Os números são da ultima rodada da pesquisa do instituto Serpes, publicada pelo jornal O Popular. No mesmo levantamento, Ronaldo Caiado (UB), quando considerados apenas os votos válidos, chega a 49%, o que o aproxima o cenário de possível vitória no primeiro turno.

O professor Frank Tavares apontava, até antes dos novos números, para provável definição no segundo turno em Goiás. Agora, ele considera a inércia de Wolmir e Vitor Hugo e a rejeição do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) para atualizar a análise.

Este episódio tem áudios do Sistema Sagres, da TV Brasil, da CNN e dos perfis do STF e de Augusto Aras nas redes sociais. Confira o PodFalar todo sábado, às 9h30 da manhã, na Rádio Sagres, no Sagres On-line, no aplicativo da Sagres, no SoundClound, no Spotify, no Google App, no Deezer e no Castbox. Siga o PodFalar em seu tocador de podcast preferido e receba um episódio novo todo sábado.

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