Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, o número de novos casos e mortes causadas pelo Sars-CoV 2 caiu nas últimas semanas e, com base nestes resultados, o Ministério da Saúde (MS) iniciou uma série de estudos e debates sobre o fim do uso das máscaras de proteção.

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Em entrevista à Sagres, a doutora em imunologia e pesquisadora no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (IPTSP/UFG), Ana Paula Junqueira Kipnis, afirmou que apesar da melhora na situação pandêmica do Brasil, a porcentagem de vacinados ainda não é suficiente para garantir a completa proteção contra o vírus. Em função dessa situação, o uso de máscaras ainda é recomendado, principalmente, em ambientes fechados.

“Quando se tem 75% das pessoas vacinadas com as duas doses [ou o ciclo completo] e os idosos com a terceira, podemos ter um pouco mais de segurança, não é 100%, mas uma pessoa vai ter menor chance de se infectar e correr risco de morrer”, explicou Ana Paula.

Até o momento, 100 milhões de pessoas completaram o esquema vacinal no Brasil, o que representa 47,11% da população. Em Goiás, o índice é menor, com 40,08% dos moradores completamente imunizados, que significa mais de 2,8 milhões de pessoas. Já em Goiânia, 53,76% da população vacinável tomou as duas doses do imunizante ou a dose única. Como nenhuma localidade atingiu 75% de vacinados, para a imunologista, não atingimos a imunidade de rebanho.

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Mesmo sem chegar à quantidade necessária de imunizados, Ana Paula reforçou que a queda na ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) confirma a eficácia das vacinas. Mesmo assim, diante de uma doença nova, transmitida pelo ar, a máscara facial ainda é uma forma eficiente de proteção.

“Se você está em ambientes fechados e próximo de outras pessoas, respirando o ar que outras pessoas respiram, você tem chance, sim, de adquirir as partículas virais. E, mesmo que não fique doente, pode transmitir para alguém suscetível, que talvez ainda não tenha sido vacinada ou que a imunização já esteja diminuída e não estimule a resposta imune adequada”, explicou a doutora ao pontuar que 90% das pessoas internadas hoje com a doença não se vacinaram.

Diante dos estudos que apontam que o vírus se espalha mais em ambientes fechados, com pouca circulação de ar, Ana Paula declarou ainda que seria possível pensar no fim do uso das máscaras em locais abertos e sem aglomeração. A pesquisadora citou países que após liberarem o uso do equipamento, mas precisaram regredir e orientar a utilização, pelo menos, em locais fechados, em função do aumento de casos. “Essa proliferação do vírus pode causar o surgimento de novas variantes que, talvez, as vacinas que nós temos hoje não sejam eficazes contra elas”.

Variante Delta

O número de casos da variante Delta da Covid-19, cepa com maior capacidade de transmissão, aumentou em Goiás nas últimas semanas. Conforme a pesquisadora, a variante foi capaz de elevar o registro de casos da doença em países que tinham praticamente zerado a transmissão, como Israel, o que demonstra o potencial perigo da nova variante.

Para evitar que o mesmo ocorra no Estado, o ideal é atingir, rapidamente, o índice de imunização de 75% da população. “A variante Delta tende aumentar entre os não vacinados e em pessoas sem a imunização completa. Então, os casos podem voltar a subir e apresentar números que são indesejados”.

Assista à entrevista no Sagres Sinal Aberto: