A prefeitura de Goiânia deve inaugurar o trecho II do BRT, que liga o Terminal Recanto do Bosque ao Terminal Isidória, no Setor Pedro Ludovico, no próximo dia 24 de outubro, quando é comemorado o aniversário de 88 anos da capital. Porém, em entrevista à Sagres, a pós-doutora em mobilidade urbana Erika Kneib afirmou que vê com receio o início do funcionamento do BRT de maneira fragmentada, sendo que ele é um sistema.

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“Um sistema de transporte só funciona quando você tem uma série de elementos que foram preparados, foram implementados e estão funcionando de forma satisfatória em conjunto. Claro que a prefeitura tem condições de analisar, tem o projeto e tem a noção desses elementos, mas por tudo que a gente viu na imprensa e até mesmo passando pelos corredores, vendo que algumas estações não estão completamente finalizadas, não têm acessibilidade plena, me parece que em alguns trechos existem uma improvisação”.

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Erika explicou que é importante que a população tenha uma boa primeira impressão do BRT, que precisa fornecer transporte rápido e de qualidade, integrado com as demais linhas. A doutora citou dados que apontam para uma queda de 232 milhões de passageiros anuais em 2012 para 142 milhões em 2019. Com a pandemia, a diminuição foi ainda mais intensa e no ano de 2020, foram registrados 64 milhões de passageiros.

“Na minha visão, o BRT seria uma grande oportunidade de recuperar esse usuário do transporte público ou de atrair novos usuários que hoje não utilizam este transporte. Isso, justamente, porque seria um sistema de maior qualidade, rápido, diferenciado, com veículos novos. O BRT, se inaugurado mais ou menos não traz essa novidade para o usuário e Goiânia perde uma grande oportunidade de atrair esse usuário”.

Érika detalhou que apesar de ser difícil planejar o transporte público em Goiânia, diante da necessidade de integração com as cidades da Região Metropolitana, há um plano feito em 2007, com a previsão de construção de mais corredores exclusivos, além da renovação da frota, mas que nunca foi colocado em prática. “Então não é falta de planejamento, de avisar, de conhecer. Nós estamos colhendo uma realidade em Goiânia, que nós tínhamos, em 2007, a previsão de que aconteceria”.

Assista entrevista no Sagres Sinal Aberto: