A 9ª edição da Copa do Mundo Feminina será realizada entre os meses de julho e agosto deste ano. Sediada por Austrália e Nova Zelândia, a competição conta pela primeira vez com 32 equipes, com o mesmo formato do torneio masculino.

Um potencial patrocinador para o evento, no entanto, tem causado desconforto na comunidade do futebol feminino, inclusive nos países-sede. Segundo o jornal inglês The Guardian, a Fifa tem conversas avançadas com a Visit Saudi, empresa responsável por promover o turismo na Arábia Saudita.

Em reação à notícia, as federações australiana e neozelandesa enviaram uma carta em conjunto à entidade máxima do futebol. Segundo elas, um eventual acordo com a agência, vinculada ao Ministério do Turismo saudita, poderia “manchar” o torneio.

A ex-jogadora da seleção neozelandesa Maia Jackman, embaixadora do Mundial de 2023, também mostrou preocupação. Em entrevista ao site de notícias local Stuff, afirmou que “é muito decepcionante ver algo assim acontecer quando há preocupações com direitos humanos, especialmente para mulheres, na Arábia Saudita”.

“Está na contramão de tudo o que esta Copa do Mundo representa. É o extremo oposto, na verdade”, destacou Jackman, que embora entenda que o país tenha feito avanços “lentos” pelos direitos das mulheres, ressaltou que “não é o momento ou o lugar certo para colocá-lo em um torneio que está tentando enaltecer e evoluir as mulheres”.

Ao ter o apoio da Visit Saudi, a Fifa estaria enviando “uma mensagem de desempoderamento completamente oposta ao discurso deles de ajudar a moldar o empoderamento para as mulheres dentro e fora do campo com lema desta Copa do Mundo Feminina, ‘além da grandeza’. É confuso”.

“É um grande passo para trás, quando defendemos por tanto tempo o esporte feminino e a igualdade de gênero”, frisou a ex-jogadora, que reforçou que o patrocínio saudita seria um golpe “não apenas para a comunidade do futebol, mas para qualquer um que esteja trabalhando duro para promover o esporte feminino em geral”.

Se o acordo for concretizado, “isso afetará a forma como as pessoas veem o esporte. É duro isso acontecer quando estamos nos esforçando tanto para levar as coisas adiante”, lamentou Jackman, que acrescentou que “o futebol é um esporte tão global. É o esporte mais assistido no mundo pelas mulheres”.

“A reação dentro e fora da comunidade do futebol é suficiente para mudar essa decisão? Mais do que dinheiro? Espero que sim. Certamente existem muitas outras oportunidades comerciais e patrocinadores que estão dispostos a apoiar esta Copa do Mundo e têm valores semelhantes que podem ser incorporados”, concluiu.

À agência de notícias Reuters, Fifa e Visit Saudi se recusaram a comentar sobre o assunto.

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