Em combate à crise climática e ao racismo ambiental, milhares de indígenas marcharam nesta quarta-feira (26), em Brasília, para decretar emergência climática no país. Por consequência da 19ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL 2023), mais de 200 povos indígenas estão concentrados na capital federal desde o início da semana.

A mobilização, que acontece na Praça da Cidadania, prossegue com novas ações em nome da luta pelos direitos indígenas. Iniciativa da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a marcha até o Congresso Nacional também teve como pauta a oposição ao marco temporal e a importância das demarcações das terras indígenas.

Em carta aberta, o movimento destacou que “continuamos a ser vítimas de políticas discriminatórias, preconceituosas e racistas, pioradas gravemente nos últimos seis anos pelo descaso governamental e o incentivo às invasões protagonizadas por diversas organizações criminosas cujas práticas só pioram as mudanças climáticas”.

“Para que isso acabe e para que nós possamos seguir zelando pelo bem viver dos nossos povos e da humanidade inteira, contribuindo com o equilíbrio climático, decretamos à viva voz a Emergência Climática”, diz trecho do documento, que apresenta ainda 18 reivindicações a todos os poderes do Estado.

Ademais do direito ancestral às terras, a reivindicação reforça a luta pela sobrevivência, de acordo com Kleber Karipuna, coordenador-executivo da Apib. “Não há dúvidas de que os territórios indígenas contribuem no combate à crise climática. A demarcação é a solução para a justiça climática e manutenção da democracia”, ressaltou.

Nos últimos 35 anos, os povos indígenas protegeram mais de 20% da vegetação nativa no Brasil, conforme estudo do Instituto Socioambiental (ISA). Enquanto 20% da Amazônia foi desmatada em quatro décadas, as terras indígenas perderam somente 2,4% de suas florestas originais. Isto é, a demarcação poderia ser uma aliada à proteção do planeta.

Leia mais