Em reunião com o governador Ronaldo Caiado (DEM), a maioria dos 32 prefeitos de municípios considerados os mais preocupantes na taxa de isolamento e índice de contaminação da Covid- 19 assumiram a responsabilidade de manter flexibilização de atividades econômicas em suas cidades.

Cidades do Entorno de Brasília como Novo Gama e Luziânia, onde há preocupação devido à proximidade com Brasília, sinalizaram que devem seguir com a reabertura. Municípios turísticos também embarcaram na medida alegando perda de receitas. Ao ouvir as definições, o governador pediu cautela e firmeza para prefeitos, principalmente para as cidades próximas à Brasília pela falta de estrutura hospitalar.

Das 32 prefeituras que participaram da reunião, apenas Goiânia, Senador Canedo, Araçu, Aragarças e Aruanã garantiram manter medidas mais duras para isolamento no combate à pandemia. Só não responderam à chamada os prefeitos de Catalão, Goianésia, Pirenópolis, Professor Jamil e Uruaçu.

Na abertura da reunião, o governador criticou a queda nos índices de isolamento e deixou com os prefeitos a responsabilidade de definir as próximas estratégias de combate ao novo coronavírus, mas fez um alerta:

“Esse decreto do dia 19 abril vigora por 150 dias, até que seja revogado, mas quando o índice caiu e as cidades onde tivemos a maior mobilidade e a maior queda no isolamento social, foram 24 cidades dessas e 8 cidades que passaram a nos preocupar com o fluxo de pessoas que estão confundindo a quarentena com férias”.

O governador ainda criticou a politização do debate em torna da pandemia e disse estar aberto às propostas dos prefeitos. “Me surpreendeu no momento em que o vírus foi politizado, não da minha parte, então eu me curvo à decisão de vocês (prefeitos) o que vocês acham que devem ser feito, a partir de agora o Estado se propõe a auxiliá-los naquilo que vocês colocarem como sendo prioritário. O Estado de Goiás se coloca à inteira disposição. Existe um decreto em vigor, a proteção minha seria ampliar (o isolamento social) nas regiões mais críticas”.

Ainda na abertura da reunião, Ronaldo Caiado fez uma ressalva sobre as medidas que seriam defendidas pelos prefeitos e voltou a defender maiores restrições no isolamento social. “Podem apresentar propostas que sejam compatíveis, não adianta fazermos propostas no papel que não sejam aplicáveis”, disse. “Temos que saber o que nós queremos, eu como governador vou continuar atuando nas regiões mais críticas, no Entorno, para tentar ampliar Águas Lindas, vou para frente de serviço em Porangatu para abrir apoio no norte do Estado. Em Campos Belos eu não tenho como atender de imediato. Vou tentar deslocar alguma coisa em São Luis dos Montes Belos”.

Os prefeitos, no entanto, voltaram a defender a manutenção das medidas de reabertura das atividades econômicas. O primeiro foi Gustavo Mendanha (MDB), de Aparecida de Goiânia, que garantiu acompanhar a lotação de leitos na cidade para considerar uma retomada do isolamento mais restrito. “Eu tenho feito reuniões com empresários e dizendo de algo que temos dentro do nosso comitê, se chegarmos a 70% dos leitos ocupados, independente da posição do presidente República, independente da posição do governo do Estado, automaticamente eu vou fechar todos estabelecimentos comerciais da cidade”, disse. “Estou tentando dividir a responsabilidade de ajudar a orientar as pessoas”.

Em rápida resposta, o governador ressaltou que Aparecida de Goiânia é o polo de uma regional no estado e que pode passar a receber pacientes de muitas outras cidades, caso os índices de contaminação fiquem descontrolados.

Quem defendeu com mais ênfase a reabertura foi o prefeito de Itumbiara, Zé Antônio (PTB). “Até então estávamos cumprindo o isolamento conforme o decreto emergencial publicado, mas a partir daquele momento nós decidimos pela verticalização, porque nossa vigilância epidemiológica tem feito monitoramento do número de casos, por isso optamos pela flexibilização, estamos caminhando para 30 dias com essas medidas verticalizadas, que é a abertura do comércio e a retomada das atividades, e a situação nesse período ainda não se agravou”.

Em resposta, Caiado lembrou que a responsabilidade pelas medidas de flexibilização deve ser assumida por cada prefeito. “Eu respeito 100%, hoje os casos de Itumbiara estão sob sua tutela no momento em que você cumpri o artigo 4 do decreto. Se a análise local é essa, não cabe a mim interferir”, disse. “Se o município acha que pode liberar, que tem um plano de contingencia e tem capacidade de absorver todos pacientes que precisem, é uma decisão do prefeito. A única coisa que não pode é o prefeito não assumir isso e depois ficar em uma situação difícil, porque se falta emprego é responsabilidade do governo, se um paciente morre é responsabilidade do governo. Por isso tem que ter uma posição compartilhada e responsabilizada”.