A cidade está com o visual poluído e o fato é que não tem nenhuma autoridade de olho nisso. Nos últimos anos, os painéis aumentaram em quantidade, tamanho e luzes. Quando se calculava que não havia mais espaço para tanto outdoor, a prefeitura de Goiânia autorizou a invasão final. Agora, são placas gigantescas, do tamanho de uma quadra de esportes, só que luminosas e penduradas a 50 metros de altura. A população vê de longe o anúncio das empresas e o desrespeito dos políticos com a cidade.

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O excesso de placas acabou com o horizonte em Goiânia. Para onde quer que se vire, só se vê placa, placa e mais placa. Os anúncios brilham e ofuscam os jardins. A propaganda esconde a arquitetura. O susto maior é concluir que o maior poluidor de Goiânia é a prefeitura. Nenhuma empresa pública ou privada tem mais placas que o Executivo. Suas placas, imensas e feias, são fincadas no meio das praças, no centro das avenidas.
 
O aluguel dos gigantescos painéis, em áreas nobres, rende em média 1 milhão de reais por ano. Um milhão de reais para cada anunciante em cada painel. Multiplique-se o número de placas e se tem ideia do poder dos empresários do setor. Eles são muito mais fortes que qualquer prefeito, até porque os mandatos duram pouco e a máfia não acaba nunca. O atual prefeito, Paulo Garcia, reelegeu-se no primeiro turno com o discurso da sustentabilidade. Era apenas conversa de campanha. Nunca, em tempo algum, Goiânia teve tantos painéis. E nenhum outro prefeito autorizou tamanho descalabro com Goiânia.
 
A mão que apedrejou a cidade é a mesma que pode afagá-lo. Cabe a Paulo Garcia obedecer a Augusto dos Anjos e ao Plano Diretor: apedrejar a mão vil dos empresários que o afagam e limpar o visual de Goiânia.