Equipamento móvel registrando excesso de velocidade de veículo a 147 km/h (Foto: Divulgação/PRF)

Na última semana, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou ofício determinando o cumprimento imediato da suspensão da fiscalização por radares móveis nas estradas federais. A medida atende ordem do presidente Jair Bolsonaro, e que foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), e já passa a valer a partir desta segunda-feira (18). O presidente do Fórum Nacional dos Conselhos de Trânsito (Focotran), Horácio Melo, avalia com preocupação a remoção total dos equipamentos.

“Como técnico tenho que dizer que a forma colocada é um equívoco e um risco. Claro que ninguém quer ter muitas multas, o excesso de multas cria descrédito na sociedade, e isso gera um distanciamento da sociedade da lei. Nós só vamos resolver o problema do trânsito com a conscientização de cada um, com cada um assumindo o seu papel”, afirma. “As pessoas têm que aderir às normas por decisão, não é por medo de multa”, analisa. 

Para o presidente Horácio Melo, a medida acaba beneficiando infratores, e pode aumentar a gravidade dos acidentes. “No mundo inteiro é engenharia, educação e fiscalização. Os três têm que andar em harmonia. As pessoas só cometem infrações quando elas perdem a sensação de impunidade. Ninguém vai cometer uma infração sabendo que vai ser punido. Quando se anuncia a retirada de radares, a leitura que o infrator faz é clara: ‘Liberou geral. Posso correr, posso ter excesso de velocidade agora’. E o excesso de velocidade é um risco grande, estatisticamente calculado que não só provoca mais acidentes, como aumenta muito a severidade dos acidentes. É só imaginar o que é uma batida a 30 km/h e outra a 150 km/h”, argumenta. 

Inversão 

De acordo com o presidente do Focotran, o aumento da velocidade permitida em alguns trechos seria uma decisão mais acertada do que a retirada dos radares. “Hoje a velocidade permitida é 80 km/h, a mesma da década de 70, 80, 90. Os automóveis melhoraram muito, a condição de frenagem, então a gente pode estudar um aumento desta velocidade máxima, com estudo técnico, feito por engenheiros de tráfego. Agora, dizer simplesmente ‘tiramos os radares’, o risco desse intervalo sem fiscalização, o aumento dos acidentes e da severidade é muito grande”, afirma. 

Fixos são apenas pontuais 

O presidente do Fórum Nacional dos Conselhos de Trânsito critica a funcionalidade dos radares fixos, e o desrespeito dos motoristas nos trechos onde não há equipamentos de fiscalização. 

“Como as pessoas já sabem onde eles estão, ele acaba cumprindo uma função de redução pontual. A redução pontual deveria ser utilizada naquelas lombadas. O que isso significa? Você tem uma via de 110 km/h, e tem um trecho mais perigoso, em que se coloca uma lombada para dizer ‘nesse trecho aqui é 60 km/h’”, pondera. “Então só o fixo não cumpre a função dele. É um controle de redução pontual e não de toda a via”, pontua. 

radares fixos

Foto: ABr

Legalidade 

Apesar de ainda não ser definitiva, os radares móveis em Goiás já foram totalmente removidos, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

“Não é ilegal a medida tomada pelo presidente da República, assim como o governador de Goiás também retirou os radares móveis das rodovias. Mas é um risco. Quando se tira a fiscalização, você tira uma perna importante desse chamado tripé do trânsito. E só acontece acidente porque tem infração anterior, se não tivesse infração não teria acidente. Aliás, nem deveria se chamar acidente, é um incidente. Se houve infração e é evitável, não é acidente”, conclui. 

Só no ano passado, mais de 4,8 milhões de motoristas em todo o país foram multados por rodar acima da velocidade máxima da via.

Confira a reportagem de Silas Santos

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