Na semana passada foi noticiado, pela coluna Sagres em Off, que o Supremo Tribunal Federal (STF) retirou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF), em 2019, no âmbito da Operação Cash Delivery, da Justiça Federal. Agora, o processo passa a ser analisado apenas pela Justiça Eleitoral e, conforme a coluna, caminha para novo arquivamento, em virtude da jurisprudência sobre casos semelhantes de caixa dois em campanhas.

Sobre o assunto, o presidente do MBD Goiás e pré-candidato a vice-governador na chapa de Ronaldo Caiado, Daniel Vilela, afirmou que o processo pode até ser arquivado, mas exatamente não por conta da inocência dos envolvidos. 

“Pode ser arquivada não em razão da inocência dos envolvidos, mas por uma questão processual, por procedimentos incompatíveis com aqueles que o código de processo orienta. É preciso deixar isso bem claro”, disse em entrevista à Sagres, nesta terça-feira (03). 

Daniel reforçou ainda que “acredita na Justiça” e entende que os magistrados são “competentes para tomar as decisões adequadas, garantindo o direito de todos, inclusive os direitos constitucionais”. 

Confira a entrevista na íntegra:

Leia a transcrição da entrevista:

Encontro em Quirinópolis. Como o senhor avalia o processo de estruturação de um grupo político em torno do governador Ronaldo Caiado?

Acho que o governador tem sido muito bem sucedido na construção dessa aliança, na construção de apoios políticos por todo o Estado. Hoje mais de 200 prefeitos, não sei o número exatamente, já declararam e manifestaram apoio ao governador, muito em razão da boa parceria que o governo tem sido para esses municípios. Antigamente se atrasavam os repasses constitucionais, transporte escolar, merenda, educação, saúde, e hoje os prefeitos contam com isso sem nenhum tipo de insegurança quanto à data de transferência desses recursos, as parcerias de investimentos e infraestrutura, enfim. É, sem dúvidas, um apoio robusto, muito sólido entre os prefeitos e o governador Ronaldo Caiado. E também foi muito bem sucedido na primeira etapa desse processo eleitoral, que se deu até dia 2 de abril, com as filiações partidárias. Muitos partidos tiveram a colaboração do governador na construção de suas chapas de deputado estadual, de deputado federal. O governador até abriu mão em muitos casos da chapa do seu próprio partido, o União Brasil, para poder compartilhar e colaborar com os partidos que hoje fazem parte dessa aliança. Então, acredito que tem sido feito de forma muito positiva essa construção, essa aliança, de forma muito natural e acho que esse é um primeiro passo para se ter sucesso nas eleições.

A base é sólida mesmo ou é só porque Caiado está no governo?

Eu não vejo dessa forma, acredito que de fato é uma aliança bastante sólida entre os mais variados agentes políticos com o governador Ronaldo Caiado. E muito em razão do que eu disse, pela credibilidade conquistada como governador, que tem sido parceiro efetivo dos prefeitos, coisa que não existia nos últimos governos. A gente cansava de ouvir os prefeitos e os municípios reclamarem que existia o autorizo por parte dos ex-governadores, mas efetivamente não se tornava investimento em seus municípios, e é o que não acontece. O governador tem tido também uma posição de quando não consegue atender os municípios, os pleitos dos prefeitos, dos vereadores, ele tem sido muito claro nesse sentido. Hoje os programas que foram estabelecidos para parcerias com os municípios, por exemplo, estão todos rodando muito bem. Aqueles que não estão ainda em execução nos municípios é muito em razão da falta de documentação por parte até das prefeituras ou por essa burocracia toda de licitação e tudo mais que, às vezes, demanda tempo. Então, por tudo isso, por essa forma republicana, natural e muito correta de se relacionar com os agentes políticos que eu acredito que o governador tem, sem dúvida, a credibilidade e terá um apoio incisivo dos aliados durante o processo eleitoral.

Lincoln Tejota afirmou à Sagres que cabe ao senhor se aproximar dele. Como o senhor avalia essa possibilidade de aproximação com o vice-governador?

Eu sempre tive uma boa relação com o Lincoln, nós fomos deputados estaduais juntos, sempre nos relacionamos muito bem, é de conhecimento público toda a sua capacidade de trabalho, toda a sua inteligência política e por circunstâncias da política, naturais, essa situação acabou ocasionando essa questão de ele não ser mais o candidato a vice-governador. Mas eu não posso deixar de reconhecer a amizade, reconhecer na figura dele uma pessoa de boa índole, de extrema capacidade de trabalho e eu tenho toda a disposição também de estar construindo um futuro político junto com ele. Com certeza em algum momento muito breve estaremos conversando e, quem sabe, estabelecendo boas parcerias. 

Em algum momento membros da base aliada do governador demonstraram insatisfação pela sua escolha. Como está esse trabalho de aproximação ou reaproximação?

Desde o início eu deixei muito claro que estávamos construindo uma aliança para colaborar, não era para tomar espaço de ninguém, era para poder compartilhar com o governador, com seus aliados as decisões políticas para oferecer também os quadros relevantes e competentes que o partido tem para estar ajudando os desafios governamentais, de gestão, enfim. Então, acho que muito em razão disso é que a gente vem diminuindo essas arestas políticas. É bom deixar claro isso, nós queremos colaborar com o projeto de todos, temos tido uma relação excepcional com a base, com todos os integrantes, fomos muito bem recebidos e aqueles que por ventura se sentiram de alguma forma tendo um choque de divergência em seus projetos nós temos procurado dialogar e construir junto, porque o futuro político ninguém sabe. A política é muito dinâmica, as projeções, as perspectivas hoje são diferentes até o final do ano, então a gente procura pacificar nesse sentido e fazer com que a gente possa andar todos juntos, com união pelo nosso Estado, por um projeto que nós temos que reconhecer que vem dando certo, que vem mudando a cultura política e administrativa do nosso Estado, e que portanto se faz necessário da nossa parte um empenho total para que Goiás não retroceda, que Goiás possa continuar seguindo avançando.

Como o senhor tem acompanhado o processo de definição de vaga para o Senado?

A gente sabe que toda eleição tem esses desafios de contemplar todos com seus interesses políticos e eleitorais. Temos um número significativo de pré-candidatos ao Senado, todos eles com muita condição de representar a base tanto na condição e principalmente para representar Goiás como senadores. É uma decisão difícil e que tem que ser compartilhada por todos os atores envolvidos nesse processo eleitoral, com todos os partidos, através de seus presidentes, os pretendentes, os concorrentes, os pré-candidatos, os prefeitos, os deputados que fazem parte da base, acho que tudo isso é preciso ser construído e decidido de forma coletiva. Não dá para querer imputar ao governador uma decisão que é impossível de se ter de uma forma pacífica entre todos.

Destacamos em outros momentos uma possibilidade de reaproximação com o prefeito Rogério Cruz. Como está essa possibilidade hoje, é real ou distante?

O prefeito Rogério Cruz já manifestou seu apoio ao governador Ronaldo Caiado, muito em razão do que eu disse, entre outros prefeitos, pela boa parceria, pela credibilidade, pela palavra empenhada e executada dessas parcerias por parte do governador. Acho que isso é o principal fator que o prefeito manifestar apoio ao governador. Apesar dos desencontros políticos que tivemos no início do ano passado, no início da gestão do prefeito Rogério Cruz, eu torço para que dê certo, afinal, eu quero que aquele plano de governo que foi construído a muitas mãos, que foi idealizado e pensado por uma Goiânia que se tornaria referência, possa acontecer. Eu moro em Goiânia, amo essa cidade, quero o melhor para ela, estarei sempre torcendo para que dê certo independente de questões políticas e partidárias. 

O senhor e Ronaldo Caiado trabalham para uma união à candidatura do Senado?

São duas decisões que precisam ser tomadas e de forma coletiva, compartilhada. A primeira é essa: vamos para uma candidatura única ou iremos para um processo, uma estratégia de candidaturas avulsas e buscar talvez no final da eleição o fortalecimento daqueles que se destacaram mais? Essa é a primeira decisão. E a segunda, caso tenha uma decisão por candidatura única, encontrar critérios que possam definir esse candidato que vai representar. Então, eu acredito que esse é o próximo passo do processo eleitoral para 2022, e imagino que em breve essa discussão estará sendo feita por toda a base aliada. Ainda não tenho uma posição sobre isso, acho que é preciso fazer pesquisas, avaliar todo o cenário para encontrar a melhor estratégia vencedora para esta eleição.

O senhor sempre foi oposição ao grupo do PSDB e de Marconi Perillo. Sobre a Operação Cash Delivery, que está caminhando para o arquivamento, como o senhor avalia?

Essa é uma questão que precisa ser colocada com muita clareza. Pode ser arquivada não em razão de inocência dos envolvidos, mas por uma questão processual, por procedimentos incompatíveis com aqueles que o código de processo orienta. Então, é preciso deixar isso bem claro. A gente sempre acredita na Justiça e entende que temos magistrados competentes para tomar as decisões adequadas garantindo o direito de todos, inclusive os direitos constitucionais. 

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