O Programa Futuras Cientistas, da Universidade Federal de Goiás (UFG), levou 11 alunas de escolas públicas de Goiás para conhecer a rotina de produção científica e tecnológica da instituição de ensino. “Sempre quis entrar num laboratório e fazer experimentos, então, é muito gratificante estar aqui na Universidade, vivenciando essa experiência com óculos, luva e jaleco”, afirma Nicole dos Santos Cassiano, 17 anos, do Centro de Ensino em Período Integral Cecília Meirelles, de Aparecida de Goiânia (GO).

Desde o dia 4 de janeiro, as alunas têm vivenciado o universo da produção científica e tecnológica da Universidade Federal de Goiás (UFG). O programa é vinculado ao Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Escola de Engenharia Civil e Ambiental (EECA), o Instituto de Química (IQ) e o Centro Regional para o Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (CRTI) da UFG submeteram planos de pesquisa junto ao programa, permitindo às jovens selecionadas a imersão em seus laboratórios durante um mês, com uma rotina de pesquisadoras e bolsa-auxílio de R$ 600 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Vivência

Nicole conquistou a vaga para participar do plano de trabalho Luz das Substâncias Químicas, da professora do IQ, Danielle Cangussu de Castro Gomes, e terá a oportunidade de vivenciar o dia a dia de três unidades: o Laboratório de Síntese Molecular (LabSIM), coordenado pela própria Danielle, o Laboratório de Produtos Naturais (LabPN), coordenado pela professora Lucilia Kato, e o Laboratório de Microfluídica e Biologia Molecular (μBio), sob coordenação da professora Gabriela Mendes Duarte.

“Fiz questão de escolher pesquisadoras mulheres do Instituto de Química, pois acho que é importante o exemplo para que as meninas possam vislumbrar ser cientistas”, afirma Danielle. De acordo com a docente, as duas jovens selecionadas para executar o plano de trabalho no IQ vão fazer experimentos, não necessariamente inéditos, relacionados às pesquisas científicas desenvolvidas nos laboratórios.

Laboratório de Asfalto da UFG foi uma das unidades que ofereceram atividades às alunas (Foto: Arquivo Pessoal)

“O projeto tem foco na propriedade luminescente, que é uma área que normalmente gera o interesse das jovens do ensino médio. No meu laboratório fazemos a síntese dos produtos luminescentes, no Laboratório de Produtos Naturais há a extração dessas substâncias, como a clorofila, e no Laboratório de Microfluídica se usa as substâncias luminescentes para fazer testes de diagnósticos”, explica Danielle.

Inspiração

“Fico olhando para as pesquisadoras, é inspirador. Com as palestras realizadas na primeira semana, tivemos a oportunidade de entender o que uma pesquisa pode fazer, o que esses profissionais realizam no nosso dia a dia. E com essa conscientização, o programa faz toda a diferença. A ciência é uma arte muito linda. Estudar a natureza, colocá-la em prática e usá-la para o nosso bem, eu acho incrível, eu acho muito bonito”, afirma Nicole.

Durante as duas primeiras semanas de janeiro, ela e Ana Luiza Lourenço Gondim, também de 17 anos, do Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Ozório Raimundo de Lima, da cidade de Iporá (GO), assistiram a palestras virtuais com as três docentes do IQ, e, agora, participam de atividades presenciais nos laboratórios da unidade acadêmica, com exceção das sextas-feiras, reservadas para palestras on-lines ministradas pelo programa nacional.

Futuras Cientistas

O Programa Futuras Cientistas foi criado em 2012 com o objetivo de incentivar a participação de meninas na ciência. Na edição de 2023/2024 foram oferecidas 470 vagas em 27 unidades da federação. No fim de janeiro, as jovens participantes terão que apresentar um relatório do projeto de pesquisa que será avaliado pela professora orientadora do plano de trabalho.

As estudantes Dienyfer Bianca Barros Silva, 16 anos, do Colégio Estadual Alvamir Faria dos Anjos (Ceafa), da cidade de Nova América (GO), e Maria Marta Marinho Santiago, 17 anos, do Centro de Ensino em Período Integral Martiniano de Carvalho, de Nerópolis (GO), foram selecionadas pelo projeto Enveredando pelos Laboratórios da Escola de Engenharia Civil e Ambiental, sob orientação das docentes Márcia Maria dos Anjos Mascarenhas e Sylvia Regina Mesquita de Almeida.

Estudantes visitam Núcleo de Estudos em Mecânica Aplicada e Computacional (Nemac) (Foto: Arquivo Pessoal)

A EECA se envolveu com o Programa Futuras Cientistas a partir do projeto da unidade, intitulado Conversas entre Meninas e Engenheiras, coordenado pela professora Karla Emmanuela Ribeiro Hora.

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Segundo a professora Márcia Maria, o Programa Futuras Cientistas atrai meninas, estudantes de escolas públicas, de várias cidades do Estado, e permite a vivência universitária durante um mês, “tendo como monitoras as pesquisadoras mulheres, o que torna o sonho de ingressar em uma universidade pública algo palpável”.

Este é o segundo ano que a unidade participa do programa. “Este ano fizemos uma adequação melhor do ensino de graduação para o ensino médio. Reduzimos o número de atividades e trabalhamos melhor cada uma. Ampliamos o conteúdo da apostila entregue para as meninas no ano passado e trouxemos uma diagramação mais atrativa”, conta a docente.

“Experiência incrível”

“Não esperava participar deste projeto da Engenharia, mas estou achando incrível. Está sendo uma experiência impecável. Ter conhecimento sobre a área está me abrindo um leque de possibilidades. Mesmo se eu não for seguir, vou levar os conhecimentos sobre concreto, água e solos para a vida. Super recomendo para todas as meninas que puderem participar, porque realmente é maravilhoso estar aqui e ver tantas mulheres nas áreas da ciência. Mulheres encantadoras e fortes que servem de inspiração e estão lutando para conseguir espaço para mais mulheres na ciência”, afirma a jovem Dienyfer Bianca.

Além dos projetos no IQ e EECA, o CRTI, localizado no Parque Tecnológico Samambaia, submeteu o plano de trabalho Meninas no CRTI, coordenado pela docente Cecília Maria Alves de Oliveira.

Com informações do Jornal UFG.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).