O projeto Desapega, formado por universitários da Universidade de São Paulo (USP), tem o objetivo de arrecadar livros didáticos para doar a pessoas em vulnerabilidade econômica. Criado na instituição paulistana em 2015 com o nome Desapega, a ação possui nove institutos parceiros.

A iniciativa faz parte da Enactus, rede mundial presente em 37 países e em mais de 1.700 universidades. Hoje, composto por estudantes de diversos cursos de graduação da USP, o Desapega busca reduzir o desequilíbrio entre jovens de baixa e alta renda nas instituições públicas.

Dentre os objetivos principais da iniciativa está a expansão de materiais didáticos na preparação para os vestibulares, democratizando o acesso às universidades. Nesse sentido, o projeto vem desenvolvendo um aplicativo de doação de livros, em conjunto com campanhas publicitárias nos campi da USP, informando postos de arrecadação.

De acordo com Danilo Queiroz e Camilly Rosaboni, do Jornal da USP, também está em andamento uma plataforma de mentoria, que deverá auxiliar o pré-vestibulando com orientações e acompanhamento psicológico. Sem contar o banco de questões e os simulados, referência aos estudantes na preparação para as provas. Outro propósito do projeto é promover uma comunicação acessível sobre universidade pública, formas de ingresso e políticas de permanência estudantil.

Projeto Desapega

Tudo começou em 2019, em uma disciplina da graduação de Design, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Depois, a discussão sobre democratização da educação virou tema de trabalho de conclusão de curso da Escola Politécnica, mais conhecida como Poli, por meio de um aplicativo de doação de livros.

Além disso, desde o ano passado, o Desapega recebe materiais didáticos e doa para escolas públicas, cursinhos populares e diretamente a estudantes em situação de vulnerabilidade econômica e social. O projeto já arrecadou quase mil livros arrecadados, incentivando estudantes a possibilidade de ingresso no ensino superior.

O grupo vem buscando parcerias com cursinhos particulares, a fim de ampliar o número de materiais arrecadados. Além disso, estão articulando com o Papo Futuro, projeto social voltado à inclusão digital. A parceira tem o objetivo de fornecer equipamentos e chips com dados móveis para pessoas que não têm acesso à internet assim que a plataforma estiver disponível.

Os materiais doados passam por uma seleção pelos membros do Desapega. No processo, é possível estabelecer um padrão de qualidade editorial aos beneficiados. Os livros e apostilas em más condições de uso são enviados a uma cooperativa e transformados em cadernos com papel reciclado.

Enactus Brasil

Fundada em 1998 no Brasil com o nome SIFE (Students in Free Enterprise), a organização mudou para Enactus desde 2012. A rede internacional sem fins lucrativos tem o objetivo de inspirar jovens universitários a transformar vidas por meio da Ação Empreendedora.

COOPECO, uma das cooperativas de reciclagem de Bauru, parceira voluntária do Trilhos | Foto: Reprodução/Instagram Trilhos

No Brasil, mais de três mil universitários desenvolvem 200 projetos alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Por exemplo, o Amitis, de Maceió (AL), que trabalha com micro agricultura distribuída, o Bio+, de Juazeiro do Norte (CE), que oferta alimentos agroecológicos, e o Trilhos, de Bauru (SP), pautado na reciclagem, fazem parte do Enactus Brasil.

Além disso, ainda na USP, a Enactus desenvolve outras duas iniciativas: a Lixo ao Luxo, que trabalha com a problemática do lixo na comunidade São Remo, e a Travessa R, vencedora do edital Amigos da Poli, em 2022. O projeto visa à criação de um protótipo de ski nacional para beneficiar a ONG Ski na Rua, também na mesma comunidade São Remo.

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