Um projeto para análise das bases de dados sobre situação das mulheres em Goiânia e produção de subsídios para a criação do Observatório da Mulher veio a publico este mês. O documento desenvolvido pela Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (SMPM).

A professora de Ciência Política na Faculdade de Ciências Sociais da UFG, Rayani Mariano dos Santos, pontua que a ideia inicial era fazer um observatório relacionado à questão da violência contra a mulher. Porém, esse projeto foi ampliado para tratar dos diversos temas relacionados as mulheres.

“A pesquisa começou de fato no início de 2022 e tinha como objetivo olhar para os dados que as secretarias municipais produziam sobre mulheres. Nós começamos essa pesquisa achando que teríamos acesso a essa base de dados para analisar e compreender melhor a situação das mulheres. Depois disso, verificar se teríamos subsídios em Goiânia para criar um observatório”, pontua.

A professora conta que os servidores das secretarias que estavam em contato com a UFG tinham como inspiração o Observatório das Mulheres do Distrito Federal (DF) que é muito completo e não trata apenas de violência.

“Nós desenvolvemos a pesquisa durante o ano passado, entramos em contato com secretarias, tivemos acesso a alguns dados e entregamos, recentemente, a primeira fase neste ano. A ideia é continuar avançando para a criação desse observatório”, conta.

Falta de dados

Segundo Rayani, ao longo da pesquisa houve alguns imprevistos com a falta de dados de algumas secretarias. Com isso, o objetivo inicial de conseguir, nessa primeira fase, acesso à base de dados para fazer a analise não foi possível.

“Por questões de privacidade esse acesso é muito complexo e os trâmites burocráticos também são. Além disso, nós percebemos que algumas secretarias possuem pouquíssimos ou nenhum dado isso dificultou muito essa análise”, afirma.

Políticas públicas efetivas

A produção de dado é muito importante para entender com clareza a situação das mulheres em Goiânia. É necessário que esses dados estejam completos. Isso influência diretamente na construção de políticas públicas efetivas voltadas para elas.

É através dos números que possível entender, por exemplo, que 60% das atividades em que há atuação de homens e mulheres, a remuneração dos homens é maior em alguma proporção. E que em Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo, 56% das mulheres tem renda de até dois salários-mínimos.

De acordo com dados coletados pela SSP-GO, nos primeiros três meses de 2022, 100 mulheres foram vítimas de violência doméstica por dia. Segundo levantamento, de janeiro a março, foram registrados 9.232 casos de violência doméstica, com 16 mortes.

“A gente precisa de dados que leve em consideração a raça, classe social e escolaridade dessas mulheres. Não adianta saber apenas quantas mulheres estão sendo atendidas, porque elas e suas condições são muito diferentes”.

O observatório

A função do observatório é informar a população sobre qual é a real situação das mulheres em Goiânia. É importante ressaltar que mulheres enfrentam opressões muito diferentes das umas das outras.

“Essa criação possibilita também que os órgãos públicos produzam dados de mais qualidade. Percebemos que as secretarias querem produzir, mas às vezes tem muita dificuldade, falta servidores ou informação sobre quais são os dados importantes para a produção de políticas públicas direcionadas a essas mulheres. É necessário entender o que vai conseguir, de fato, combater essas desigualdades de gênero e para isso é preciso saber quais são elas” reforça.

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