O Projeto de Lei 5787/23 que cria o Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia (PRDA) para o período de 2024 a 2027 que prevê o asfaltamento da BR 319 – rodovia na Amazônia, acende um alerta na comunidade científica sobre o impacto ambiental que a medida irá causar – inclusive com a possibilidade de novas pandemias.  

O texto, de autoria do Poder Executivo, foi encaminhado à Câmara dos deputados e aguarda análise. Elaborado pelos cientistas Lucas Ferrante, da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), e Guilherme Becker, da Universidade Estadual da Pensilvânia, um artigo publicado na revista Nature em janeiro deste ano alerta para os riscos do asfaltamento da rodovia BR-319.  

Entre os possíveis impactos da obra no local estão o aumento do desmatamento e das queimadas em certos pontos da Amazônia, além da elevação do risco de espalhamento de zoonoses – o que pode abrir precedentes para uma nova pandemia. 

Riscos iminentes 

Os pesquisadores explicam que a região compreendida pela rodovia contempla um trecho da Amazônia que é o maior reservatório de patógenos do Brasil – no local encontra-se uma quantidade significativa de vírus, fungos, bactérias e príons. 

Ferrante e Becker afirmam que os agentes podem ser vetores de doenças infecciosas, que tendem a passar para diversas espécies de animais, inclusive humanos, tornando iminente o risco de novas pandemias e a perda da biodiversidade da fauna e flora local. Para os cientistas a saída é que o governo federal brasileiro feche a BR-319 de maneira definitiva.  

A BR 319  

A rodovia foi construída em meados da década de 1970, durante o período de ditadura militar brasileira. Seu trecho de 800km é a principal ligação terrestre do Amazonas com o restante do país e é a única rodovia que liga Manaus a Porto Velho (RO). Há mais de 20 anos a rodovia, que atravessa a floresta amazônica e possui trechos precários, permeia debates ambientais.  

No entanto, como resultado do abandono, a rodovia se torna intransitável em alguns momentos do ano, especialmente durante a estação chuvosa. O ano de 2022 foi marcado por episódios graves – duas pontes da BR desabaram e um dos acidentes deixou mortos feridos. Além das pontes, motoristas que trafegam pela rodovia, que corta parte da Amazônia, reclamam dos constantes atoleiros ao longo da BR.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança do Clima.

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