Quando a mandioca é prensada, ela libera um líquido amarelo chamado manipueira. Solto na natureza, ele é bastante poluente. Contudo, isso ainda acontece em muitas casas de farinha pelo Brasil, espaços bastante ligados à cultura de áreas rurais e quilombolas.
Como transformar o processo de descarte da manipueira em algo que preserve o meio ambiente e fortaleça a cultura local? A resposta vem do projeto “Filtropinha: dos resíduos aos recursos”, desenvolvido por estudantes do 2º ano do ensino médio da Escola Nacional Paulo Freire, de Carnaíba (PE).
O projeto venceu a 11ª edição do Solve for Tomorrow Brasil, que incentiva a investigação científica ou tecnológica de alunos do ensino médio de escolas públicas usando a abordagem STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Esta é uma iniciativa global desenvolvida pela Samsung para as juventudes pensarem em soluções para problemas atuais e em seus territórios. O anúncio dos vencedores foi feito na manhã desta terça-feira, 3/12, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo (SP).
O “Filtropinha”, desenvolvido por Angela Santos, Eduardo Oliveira, Luana da Silva e Beatriz da Silva, é um sistema de filtragem que trata a água contaminada por resíduos sólidos, tornando-a potável e reutilizável. O protótipo foi feito usando cascas da fruta-pinha. Com o filtro, a ideia é reduzir a carga poluente da manipueira e desenvolver um fertilizante de liberação lenta.
O projeto foi apresentado a produtores rurais do Quilombo Travessão do Caroá, também localizado em Carnaíba. “A recepção e o interesse deles em implantar nosso filtro nas casas de farinha no futuro foram inspiradores para nossa equipe”, relata Eduardo.
A estudante Beatriz Vitória comenta que cada filtro sai por apenas R$5 e o refil custa R$0,25 , tornando-o acessível para membros da comunidade. Ela também ressalta que o projeto se liga aos itens 3, 6, 11, 12, 13 e 14 dos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável).
“Vale ressaltar que nosso intuito não é condenar as casas de farinha, mas sim demonstrar que a manipueira, antes de ser descartada tem que ser tratada”, destaca.
O professor Gustavo Santos Bezerra, que orientou o projeto, comenta que esse tipo de participação dos estudantes em iniciativas como o Solve for Tomorrow é uma maneira de unir a teoria e a prática. Para ele, os alunos na prática que é possível mudar a realidade dos territórios onde vivem. No caso do “Filtropinha”, algumas alunas que atuaram no projeto também são quilombolas.
“O maior reconhecimento que a gente tem desse projeto é que quando for inserido nas comunidades, a gente vai modificar a vida de quem está inserido ali, seja parente, primos ou tios delas, que estão na comunidade do Quilombo do Caroá”, diz o educador.
“Nossa visão é transformar o rejeito poluente em recursos para as comunidades quilombolas e rurais, além de minimizar os impactos ambientais”, diz Angela Santos, que também integra o projeto.
Os selecionados para participar do programa Solve for Tomorrow recebem mentorias ao longo de três meses para o desenvolvimento do projeto. Letícia Araújo, coordenadora de programas do Cenpec, parceiro na iniciativa, explica que no momento da inscrição, os projetos não podem estar finalizados. Ou seja, é preciso apresentar uma ideia que será desenvolvida ao longo dos próximos meses com o apoio da equipe do Solve for Tomorrow.
“Incentivar a educação STEM desde o ensino médio é bastante importante para oportunizar experiências com os jovens, que eles possam trabalhar com a ciência, tecnologia, engenharia e matemática desde o princípio e conhecer esses novos caminhos”, ressalta Helvio Kanamaru, diretor de cidadania corporativa da Samsung para a América Latina. “Isso ao longo de sua jornada individual – seja pessoal, acadêmica ou profissional – pode ser muito interessante para abrir novas portas, mas também dá oportunidade para que eles identifiquem qual é a jornada que querem percorrer na vida”, complementa.
Completando o pódio
A premiação também destacou o segundo e o terceiro lugar no pódio.
Vindos de Franco da Rocha (SP), os estudantes Eduardo Pimentel, Iago Marinho, Kássia Regina e Raua de Oliveira, do 3º ano da Escola Estadual Professora Iraci Sartori Vieira da Silva, conquistaram a segunda colocação com o projeto “H.E.R – Hand Exoesqueleton for Rehabilitation”. Trata-se de uma mão robótica voltada para a reabilitação de pessoas com dificuldades motoras ou que possuem baixa funcionalidade nas mãos. O equipamento também foi produzido usando uma impressora 3D.
A estudante Beatriz Vitória comenta que cada filtro sai por apenas R$5 e o refil custa R$0,25 , tornando-o acessível para membros da comunidade. Ela também ressalta que o projeto se liga aos itens 3, 6, 11, 12, 13 e 14 dos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável).
“Vale ressaltar que nosso intuito não é condenar as casas de farinha, mas sim demonstrar que a manipueira, antes de ser descartada tem que ser tratada”, destaca.
O professor Gustavo Santos Bezerra, que orientou o projeto, comenta que esse tipo de participação dos estudantes em iniciativas como o Solve for Tomorrow é uma maneira de unir a teoria e a prática. Para ele, os alunos na prática que é possível mudar a realidade dos territórios onde vivem. No caso do “Filtropinha”, algumas alunas que atuaram no projeto também são quilombolas.
“O maior reconhecimento que a gente tem desse projeto é que quando for inserido nas comunidades, a gente vai modificar a vida de quem está inserido ali, seja parente, primos ou tios delas, que estão na comunidade do Quilombo do Caroá”, diz o educador.
“Nossa visão é transformar o rejeito poluente em recursos para as comunidades quilombolas e rurais, além de minimizar os impactos ambientais”, diz Angela Santos, que também integra o projeto.
Os selecionados para participar do programa Solve for Tomorrow recebem mentorias ao longo de três meses para o desenvolvimento do projeto. Letícia Araújo, coordenadora de programas do Cenpec, parceiro na iniciativa, explica que no momento da inscrição, os projetos não podem estar finalizados. Ou seja, é preciso apresentar uma ideia que será desenvolvida ao longo dos próximos meses com o apoio da equipe do Solve for Tomorrow.
“Incentivar a educação STEM desde o ensino médio é bastante importante para oportunizar experiências com os jovens, que eles possam trabalhar com a ciência, tecnologia, engenharia e matemática desde o princípio e conhecer esses novos caminhos”, ressalta Helvio Kanamaru, diretor de cidadania corporativa da Samsung para a América Latina. “Isso ao longo de sua jornada individual – seja pessoal, acadêmica ou profissional – pode ser muito interessante para abrir novas portas, mas também dá oportunidade para que eles identifiquem qual é a jornada que querem percorrer na vida”, complementa.
Completando o pódio
A premiação também destacou o segundo e o terceiro lugar no pódio.
Vindos de Franco da Rocha (SP), os estudantes Eduardo Pimentel, Iago Marinho, Kássia Regina e Raua de Oliveira, do 3º ano da Escola Estadual Professora Iraci Sartori Vieira da Silva, conquistaram a segunda colocação com o projeto “H.E.R – Hand Exoesqueleton for Rehabilitation”. Trata-se de uma mão robótica voltada para a reabilitação de pessoas com dificuldades motoras ou que possuem baixa funcionalidade nas mãos. O equipamento também foi produzido usando uma impressora 3D.
De acordo com a equipe, a ideia surgiu para auxiliar um aluno com Síndrome de Down que tem dispraxia, ou seja, problemas na coordenação motora fina. O projeto H.E.R é composto por motores e sensores, e foi desenvolvido a partir das habilidades de programação dos alunos envolvidos para realizar movimentos específicos, como abrir, fechar, subir e descer, além de segurar e mover objetos de até 5kg.
O terceiro lugar ficou com estudantes da Escola Estadual de Educação Profissional Professor Francisco Aristóteles de Souza, de Itaitinga (CE). Também focado em inclusão, o projeto “E-vision: transformando a educação com tecnologia inclusiva”, desenvolvido pelos estudantes Jadson da Silva, Ana Caroline Bandeira, Francisca Ferrer, Kayane Almeida e Sophia Lara Martins, que estão no 2º ano do ensino médio, é constituído por um óculos inteligente com visão computacional feito para auxiliar estudantes com deficiência visual.
Com esses óculos, é possível ler materiais impressos, fazer a descrição de ambientes e ler informações em tempo real, o que impacta na autonomia dos estudantes com esse tipo de deficiência.
“A ideia nasceu da necessidade de um ex-aluno com dificuldades em relação aos materiais pedagógicos, devido à uma deficiência visual, o que os fez pensar em uma solução que possibilite a leitura de ambientes, para que esses alunos se envolvam nas atividades práticas em sala de aula sem depender de um colega para compartilhar o que está acontecendo”, explicam.
A premiação também contou com uma etapa de votação popular, feita diretamente no site da iniciativa. O anúncio dos vencedores também aconteceu na manhã desta terça-feira.
*Com informações de Ruan Oliveira do portal Porvir
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade; ODS 10 – Redução das Desigualdades
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