O projeto “Se liga, prof!” é uma ideia que busca novas ferramentas e métodos que engajam os estudantes. A ação nasceu em sala de aula e, apesar de ser um projeto para professores, tem como objetivo final chegar aos alunos.

A professora Emilly Fdelix, criadora do projeto, lembra que nos primeiros anos de profissão, precisou ensinar em uma escola localizada em um bairro perigoso, uma região em que muitos alunos tinham algum envolvimento com o tráfico de drogas.

 “Os alunos tinham um linguajar muito violento e essa realidade estava até nos desenhos que eles faziam, onde a única cor que usavam era o vermelho para as gotas de sangue”, explica a professora.

Emilly conta que quando entrava em sala de aula a violência estava em todos os lugares, como na fala e letras de músicas. Com apenas 21 anos de idade, recém-saída da universidade, ela precisou tomar uma importante decisão.

“Era uma questão de sobrevivência, ou eu desisto dessa batalha, ou eu os trago para o meu lado. Essas são as duas únicas opções, mas como fazer isso?”, se perguntava.

Comunicação em sala de aula

Em meio a muitos questionamentos a jovem percebeu que uma aula convencional não surtiria efeitos.  Então, as perguntas que surgiram passaram para os alunos. O que essa gíria quer dizer? Vocês já pararam para pensar sobre a letra desta música? Como podemos trabalhar esse gênero musical na história?

Conversar com os alunos, saber das necessidades, do que sentem falta e quais são suas queixas é uma atitude muito necessária para entender qual metodologia vai funcionar com aquele grupo. Dessa maneira, a professora consegue perceber de onde vinha a revolta dos estudantes.

Questões sociais

Assim ela investiu em trabalhar questões sociais com os adolescentes, pois percebeu que essa é uma dor que está presente na vida dos jovens de regiões periféricas.

“Lembro de um dia que um aluno me falou que ficava muito chateado, porque quando ia em bairros bons, percebia que lá era outro mundo, pois tinha pistas de skate, canteiro com árvores e flores. Enquanto eles viviam, basicamente, em um lixão a céu aberto”, conta.

Após esse momento de escuta, Emilly fez uma parceria com a professora de português e trabalhou o tema com os alunos. Eles fizeram fotos, criaram reportagens denunciando a falta de estrutura e as docentes levaram esse projeto para a câmara de vereadores. 

“Alguns vereadores foram no local e viram o projeto, assim eles sentiram-se ouvidos. Ao longo do ano fomos traçando vários projetos com esses alunos, que foram saindo dessa forma passiva e atingiram um protagonismo. No final do ano, os alunos mudaram totalmente, a postura, mais interessados e engajados” ressalta.

Inspiração

A inspiração para auxiliar outros educadores no processo de construção do conhecimento veio durante uma conversa entre professores sobre o quão solitário é ser professor no momento de planejar e executar.

A Emilly pontua que por mais que essa profissão costuma ser rodeada de pessoas, quando chega a hora do planejamento da aula tudo muda de figura.

“Não tem ninguém para trocar uma ideia, para te ajudar e os outros professores estão ocupados cumprindo com as obrigações deles.”

Se liga, prof!

O “Se liga, prof!” nasce pensando em ampliar e utilizar as plataformas digitais para trocar ideias com professores de todo o Brasil, juntamente para aproximar pessoas. O projeto quer inspirar também e ter essa proposta de troca de ideias entre professores.

Leia mais