A estudante Maryane Beatriz Fernandes Gonçalves pode realizar o sonho, em alguns meses, de estudar em uma das melhores universidades do mundo, a de Oxford, após ganhar uma bolsa no concurso de redação Immerse Education. Em entrevista à Sagres, a estudante afirmou que a inspiração para correr atrás desse objetivo, está nos pais, que ela prometeu deixar orgulhosos.

“Muito do que eu sou hoje é pelo meu pai, que faleceu há nove anos. Depois que ele morreu, eu fiz uma promessa comigo mesma, que deixaria ele orgulhoso. Deixaria eles orgulhosos”, disse Maryane, que estudará Química na Inglaterra e já tem inspiração na área também: “a Marie Curie, físico-química que descobriu a radioatividade. Sou apaixonada nessa mulher, que é incrível. Eu sou apaixonada em mulheres protagonistas”.

Aluna de escola pública, Maryane contou na entrevista que ainda precisa de dinheiro para conseguir realizar o sonho. Por isso, a estudante chegou a fazer uma vaquinha online, mas diante do valor mínimo de doação, retirou do ar, pois nem todas as pessoas dispostas a ajudar têm condição de doar o valor exigido pelas plataformas.

“Até o dia 11 de novembro, eu preciso de R$ 6 mil para pagar o dormitório, para eles reservarem para mim. Se eu não pagar, eu fico sem, eu não vou. É um prazo muito apertado”, disse a estudante, que agora recebe doações pelo pix 62 991859047, seu número de celular. Ao digitar, é preciso confirmar o nome da aluna: Maryane Beatriz Fernandes Gonçalves

“Se você tem um sonho, faça!”

Ganhar uma bolsa de estudos fora do Brasil, com certeza, não é fácil. Mas Maryane provou que não é impossível. A estudante pesquisou em dezenas de sites por oportunidades parecidas, até que encontrou uma brasileira falando sobre o Immerse Education.

“Li as regras e os termos e pensei: ‘vou fazer’. Descobri isso duas semanas antes do prazo da redação fechar. Imagina a correria que foi. Aí, eu pedi para os professores de Química, Redação e Língua Portuguesa me ajudarem, mandar arquivos PDF e corrigir a redação”, contou.

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Mesmo preparada, a estudante relatou que estava nervosa, apesar de achar a redação mais fácil do que a do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Eu recomendo que se alguém tem o sonho de estar fora, faça. É muito concorrido? Sim. É um concurso mundial? Sim. Poucas pessoas ganham bolsas 100%, e eu não ganhei 100%, é parcial, mas é uma conquista, principalmente, para quem tem um sonho”, ressaltou.

Com a demora de mais de um mês para a resposta, Maryane disse que se surpreendeu quando recebeu o resultado. “Eu quase dei um treco, quase morri. Eu chorava, chorava de soluçar, mas era um choro de felicidade. Se eu não me engano, minha mãe estava dormindo, era 21h40, eu cheguei chorando e falando alto: ‘Eu passei, eu passei, eu passei’. Aí, até ela acordar e comemorar comigo foi um tempo”, detalhou.

Laudo de altas habilidades

A bolsa para Oxford não é a primeira a ser conseguida por Maryane. Antes, a estudante tinha aulas em um colégio particular onde também era bolsista. O desempenho da aluna, porém, chamou atenção de uma das professoras que aconselhou a mãe da menina a ir para uma escola pública para conseguir mais visibilidade.

“Eu fui para o estadual e tinha uma professora que participava do Núcleo de Atividades de Altas Habilidades / Superdotação (NAAH/S) e ela me indicou. Daí fizeram testes, que eu achava muito fáceis, realizava todos. Me passaram para os psicólogos e fizeram o laudo [de altas habilidades]”.

A partir daí, o processo envolveu preparar a estudante, diante das dificuldades que ela poderia encontrar. “Sentaram com a minha mãe para explicar, porque a gente [superdotados] pode desenvolver ansiedade. E foi isso, mandaram a gente para a escola, com altas habilidades acadêmicas e artísticas, mas sou mais fechada para o artístico”, declarou.

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*Matéria produzida por Denys de Freitas e Johann Germano