O mundo acompanha diariamente a situação da invasão da Rússia à Ucrânia. O conflito ganha a cada dia mais espaço nos noticiários. Uma preocupação sobre o assunto são as crianças, que assistem TV, acessam celulares, computadores e, em um mundo globalizado e tecnológico, é difícil ficarem isoladas do que está acontecendo no leste europeu.

Em entrevista à Sagres TV nesta terça-feira (15), a psicóloga Andressa Moura nos ajuda a compreender o momento adequado de levar esse assunto da guerra para o universo das crianças.

“Por volta de dois a quatro anos elas já conseguem ter um entendimento, não tão claro, do que é uma guerra, porque nós adultos ainda não temos esse entendimento total. Mas as crianças têm um mecanismo que se chama neuroplasticidade. Todos nós temos esse mecanismo, mas as crianças aprendem com mais facilidade devido a esse mecanismo”, diz.

Andressa Moura esclarece que imagens da guerra como vídeos e fotos não devem ser mostrados para evitar traumas. Ela ressalta que todas as informações que as crianças possuem são estímulos, sejam imagens ou aquilo que elas ouvem. Segundo a psicóloga, a partir dos quatro anos os pequenos já conseguem formular esses estímulos. 

“Ela consegue dar nomes a isso de uma forma mais clara. A partir dos seis anos a criança já consegue distinguir aquilo que ela tá entendendo, o que ela tá vivendo, então ela consegue dar nome: isso é uma guerra. Mas devido a esse estímulo que ela recebe da mídia, dos pais conversarem em casa ou até mesmo através da escola.

A profissional ressalta que é necessário trazer a realidade para as crianças, pois vivem no mesmo mundo que os adultos e não podem ficar em uma bolha. “É muito arriscado e perigoso os pais protegerem as crianças dentro de uma bolha ou simplesmente decidirem: não vou falar disso, não vou deixar a criança saber o que está acontecendo no mundo, além disso ser uma ilusão, porque hoje nós estamos rodeados de notícias, a mídia está espalhando aos quatro cantos. […] É necessário que a gente exponha para as crianças, mas principalmente, é necessário entender aquilo que elas já sabem”, argumenta.

Andressa Moura orienta que os pais expliquem sobre a guerra dentro das capacidades mentais da idade da criança. “Num contexto de explicar sobre uma guerra, de acordo com a faixa etária existem suas explicações, por exemplo, uma criança de dois a quatro anos não vai entender se eu expor o contexto de uma guerra. Então explicando, mostrando histórias, mostrando desenho, realmente de uma forma mais lúdica para que essas crianças entendam”, afirma.

A psicóloga explica que os pais, entendendo o desenvolvimento dos filhos, conseguem saber o momento adequado de dar essas informações. Mas ela faz um alerta muito importante. “O que é muito importante em todas as faixas etárias é não deixar a criança ter acesso a imagens de guerra. Essas imagens causam traumas, causam medo nas crianças”, alerta a psicóloga.

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