Cotado como um dos nomes da Nova Frente para concorrer ao governo de Goiás, o secretário da Segurança Pública, deputado estadual Ernesto Roller (PP), afirma que trabalha com o norte de uma candidatura a deputado federal, mas que está à disposição do seu partido caso seja escolhido candidato a governador. “Será governador quem tiver apoio de Alcides”, opina Ernesto Roller Roller afirma que a definição de candidatura depende das articulações entre os partidos da frente e que o nome só deve ser definido após o dia 31 de março. Para ele, o período eleitoral é suficiente para a apresentação de um postulante e para o “convencimento da sociedade”. Roller diz que não acredita em um chapão unindo a base do presidente Lula e garante que o governador Alcides Rodriges será o mais forte cabo eleitoral na campanha deste ano. Sobre uma possível conciliação com o PSDB, Roller sustenta que se Marconi quer o diálogo, ele deveria procurar o governador. Sobre a Segurança Pública, o secretário ressalta que o governo dobrou os investimentos na pasta de 2005 para 2009 e que tem garantido conquistas importantes para os policiais goianos.

Tribuna do Planalto – O nome do sr. vem sendo cogitado como um dos principais dessa Nova Frente para a disputa eleitoral. O sr. topa o desafio de ser candidato?
Ernesto Roller – Tenho sido honrado por algumas pessoas, e quero, inclusive, agradecer pela lembrança do meu nome. Mas tenho clareza que um projeto como esse não pode ser objeto de desejo pessoal. Ele tem de ser objeto de um desejo coletivo de partidos, de pessoas. Temos uma liderança a qual seguimos que é a do governador Alcides. Agora, todo homem que está na vida pública sonha em administrar o seu Estado, em poder realizar, em poder empreender e eu não sou diferente. Trabalho com o norte de uma candidatura a deputado federal, mas, sem querer me valer de uma expressão sempre muito usada, sou um soldado do meu partido e quando você está na vida pública, você não é detentor do seu destino, depende de um conjunto de fatores. Porém, estou à disposição do meu partido para contribuir onde ele achar que eu possa contribuir melhor para a sociedade goiana e para o nosso grupo político.

O sr. está andando o Estado entregando as viaturas, como é que está o clima nas bases do seu partido e dos partidos que integram essa Nova Frente?

Eu percebo uma disposição muito forte de construção de uma candidatura própria, de um novo eixo da política goiana, e de uma alternativa a essa bipolaridade da política. E isso me deixa animado, com a certeza de que estamos no rumo certo, que é o de construir um projeto alternativo a esses projetos já postos ao longo de anos no Estado de Goiás. Vejo que as nossas bases estão animadas com esse trabalho.

Mas elas fazem algum tipo de pressão para definição de candidatura?
É claro. E até mesmo motivados pela curiosidade, todos nós queremos saber qual será este nome. Porém, esse nome deve fluir no momento em que lhe for próprio, decorrente das articulações, das conversas entre os partidos que integram esta frente, para que possamos apresentá-lo à sociedade. Não há tempo definido para isso. Cada eleição tem uma realidade, uma dinâmica própria. Nós podemos lembrar que em 98 o candidato a governador que se sagrou vitoriosó nasceu nos três últimos dias do prazo de realização das convenções partidárias, que foi o ex-governador e hoje senador Marconi Perillo. Em 2002, foi outra realidade. O candidato era o senador Marconi, candidato à reeleição e, portanto, esse nome foi definido muito antes. Em 2006 o nome do governador Alcides foi ungido candidato, claro, sem dúvida, formalmente em uma convenção realizada no prazo que a lei estabelece, mas já ungido candidato no início do ano. Então, cada eleição tem a sua realidade.

E para 2010, qual o momento oportuno?
Eu acho que temos primeiro de aguardar o prazo de desincompatibilização, que é o dia 31 de março, para que possamos avançar nesta discussão. Essa deve ser a data mínima e acho que a definição deve ficar para o início de abril.

Abril é suficiente para se construir uma candidatura?
Sem dúvida. A própria história nos remete o seguinte: nas três últimas eleições no Estado, o candidato vitorioso não largou na frente nas pesquisas, pelo contrário. O então candidato Iris Rezende em 98 tinha uma diferença enorme. Da mesma forma, em 2002, o então candidato Maguito Vilela apresentava-se à frente do governador Marconi Perillo no final de 2001. Em 2006, o governador Alcides Rodrigues, candidato à reeleição, iniciou o seu trabalho de campanha com uma diferença enorme para o primeiro colocado. Então, há tempo. O período eleitoral é suficiente para a apresentação de uma candidatura, para discussão de um projeto e para o convencimento à sociedade de que esse projeto é o melhor para administrar o Estado.

Está sendo ventilado na imprensa a possibilidade do PR apoiar o PMDB. O que representaria para a Nova Frente se o PR realmente saísse da coligação?
Não trabalho com essa hipótese. O que sei é que o PR, tão bem dirigido pelo deputado Sandro Mabel, mantém diálogo com essa Frente e, portanto, eu não vou considerar essa hipótese até porque acredito que isso não vá acontecer.

Como está o diálogo com os outros partidos, além do PR, o DEM e o PTN?
Há o estabelecimento de um projeto comum e, com isso, conversas estão sendo realizadas no sentido de que esse projeto apresente um nome que seja viável ao eleitorado goiano. Com isso, elas têm fluido com muita tranquilidade, sempre sob a coordenação do governador Alcides Rodrigues.

Existe alguma chance de o PT ingressar nesta Nova Frente?
É um partido que será muito bem-vindo, mas imagino que o PT já tenha definido a sua posição na política goiana de caminhar com o PMDB. Pelo menos essa é a informação que nos é trazida pela imprensa. Porém, será muito bem-vindo se quiser.

O PSDB sempre sustenta o discurso de que as bases apoiariam a candidatura do senador Marconi Perillo, em vez de seguir os partidos. O PSDB está blefando?
Claro. Dizer que as bases estão com Marconi é um blefe do PSDB, é um jogo de informação. Na verdade, o PSDB sustentava, por exemplo, a posição do presidente da AGM, o Abelardo, que há poucos dias declarou que acompanha o candidato do governador Alcides Rodrigues, o candidato do partido. E, portanto, a própria campanha há de desmistificar essa questão, com a própria demonstração de quem são os nossos apoiadores e quem são os apoiadores do PSDB.

Essa questão de dobrar o efetivo de policiais na região do Entorno pode ser uma estratégia para angariar votos, já que o Marconi é o grande nome do Entorno, região que é sua base e é considerada também base dele?
No governo Alcides não misturamos a questão administrativa com a questão eleitoral. É claro que o resultado administrativo, a boa administração traz um resultado eleitoral. Mas o nosso foco neste momento é a segurança do cidadão. Esta questão do Entorno do Distrito Federal preocupa a todos os organismos de segurança pública e, portanto, a região está recebendo esses investimentos porque são necessários, são tecnicamente recomendáveis e estão à disposição para o fortalecimento das atividades de segurança pública. O Entorno é uma importante região do nosso Estado, agora falando na questão político-eleitoral, e acredito que é tida como uma região simpática a uma candidatura do senador Marconi Perillo, mas na demonstração no processo eleitoral, nós haveremos de mostrar que o nosso projeto é o melhor e o Entorno nos acompanhará.

Os acontecimentos envolvendo o Arruda de alguma forma prejudicam o senador Marconi no Entorno?
É uma dobradinha Arruda e Marconi no Distrito Federal e em Goiás. Eles tiraram muitas fotos juntos, todos os benefícios do Distrito Federal o Arruda sempre convidava o senador Marconi Perillo a dividir com ele a fotografia. Então, é claro que isso traz um prejuízo para o senador numa eventual candidatura.

E, quais são os principais desafios da Nova Frente?
Acho que as etapas que têm de ser cumpridas são a de consolidação dessa Nova Frente, apresentação de afunilamento de um nome e de apresentação desse nome e de todos que vão compor a chapa majoritária à sociedade e a apresentação do nosso projeto à população.

Caso o sr. venha a ser candidato a governador, qual o seu diferencial em relação aos outros nomes que estão colocados: Marconi, Iris e Meirelles?
Acho que estabelecer as diferenças ou a avaliação de qualidade deve ser feita pelos outros para não parecer soberba. Agora, o que posso dizer é que nós temos muita disposição para o trabalho, muitas inovações para trazer para a administração estadual e, mais do que tudo, a consolidação de um projeto de desenvolvimento do Estado com uma atitude fiscal e financeira responsável. Veja que a responsabilidade administrativa do governo Alcides permitiu, mesmo enfrentando momentos de desgaste, de críticas no início da administração, que o governador saneasse as finanças do Estado e conseguisse fazer o maior pacote de investimentos, e aí eu estou me referindo à área de Segurança Pública, por exemplo, na segurança do cidadão. O governo Alcides Rodrigues pegou em 2005 o orçamento executado na Segurança Pública de R$ 503 milhões. Isso se refere a investimento, custeio, enfim, todos os itens. Então, o que se gastou em segurança pública em 2005 foi R$ 503 milhões. Em 2009, nós passamos de R$ 1 bilhão de investimentos. Nós mais que dobramos o gasto com segurança pública no nosso Estado. Isso significa dizer que o governo organizou as finanças e deu a oportunidade de investir e produzir resultados. E é este o diferencial que o nosso projeto apresenta em relação aos outros. São realizações que acontecem que não serão caras para a sociedade, que não serão pagas pela sociedade lá na frente. Tudo o que está sendo feito é com recursos que hoje existem, que estão disponíveis e que, portanto, não vão comprometer a boa prestação desses mesmos serviços públicos no futuro.

Isso torna o governador um forte cabo eleitoral?
O mais forte. Não tenho dúvida: será governador de Goiás o candidato que tiver o apoio do governador Alcides Rodrigues.

Entrevista editada em trechos.

Confira a íntegra da entrevista no Tribuna do Planalto