As queimadas no Pantanal aumentaram 55% em apenas sete dias. O professor da USP, Pedro Luiz Côrtes, disse que o bioma está vivendo uma “tragédia perfeita” e que corre sérios riscos de sobrevivência. O total queimado era de 700 mil hectares em 30 de julho e chegou a um milhão de hectares no dia 6 de agosto. Portanto, houve um avanço de cerca de 400 mil hectares, uma área correspondente a 400 mil campos de futebol.

Os dados oficiais indicam que já é o maior incêndio da história do Pantanal. Pois o pior saldo de queimadas anterior eram os 500 mil hectares carbonizados em 2020. O professor da USP reforçou que o que está acontecendo, especialmente na faixa sul-mato-grossense, pode decretar o fim do Pantanal.

“Existe toda uma tragédia anunciada que vem se manifestando ano após ano. A situação é bastante grave”, destacou. A área do bioma se estende entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, mas a região está passando por um período de seca acima do normal. 

Pedro Luiz Côrtes afirmou que o problema é sistêmico, pois o bioma está perdendo ano após ano sua característica principal de ser uma planície alagável. Essa redução está ocorrendo há pelo menos 40 anos, segundo um levantamento do MapBiomas. “O pior é que a temporada de seca ainda não chegou ao seu auge, a situação pode ficar pior”, contou.

Mudança climáticas

A preocupação do professor é muito pertinente porque o pico da seca no Pantanal é em  setembro. Segundo Côrtes, o período do fogo foi antecipado por causa da redução da umidade na região e da diminuição das planícies alagadas naturais do bioma. 

Todos os fatores anunciam o que o professor chamou de “tragédia perfeita” porque as mudanças estão alterando o equilíbrio biológico e a sobrevivência do Pantanal.

“As mudanças climáticas por si só geram cenário mais quente e seco, o que facilita a propagação de queimadas”, disse. “Temos falta de água recorrente, um clima muito mais seco, temperaturas acima da média e também uma maior tendência a ventos”, completou.

As queimadas atuais vão piorar a capacidade do bioma de se regenerar e estão afetando a sobrevivência dos animais. Segundo o professor, a persistência da alteração biológica do bioma pode acabar “decretando o seu fim”. O Pantanal sofreu menos com queimadas em 2023 por causa do El Niño, que gera condições climáticas mais favoráveis ao bioma.

*Com Jornal da USP

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima.

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