O calendário exaustivo, com uma maratona interminável de jogos, foi o estopim para que a classe de atletas se “rebelasse”. O Bom Senso FC, movimento criado por atletas de todos os clubes da Série A e alguns da Série B, também tem representatividade em Goiás. Convidado do programa Debates Esportivos desta quinta-feira, na RÁDIO 730, o ex-jogador Roni, que responde pelo movimento no Estado, explicou que a falta de diálogo com a CBF tem sido o maior obstáculo do grupo.

“O maior problema do futebol brasileiro é que nós temos os Estaduais muito fortes e tradicionais, coisa que não existe em outros países. São esses três, quatro meses, que tá complicando para que haja essa adequação. Tem várias possibilidades para se conversar, só que os atletas se cansaram de tentar conversar com a CBF e eles menosprezarem, a CBF não é aberta a diálogo. A CBF não fala nada, ninguém fala nada e fica por isso mesmo”

Com a redução do número de jogos no ano, conforme propõe o Bom Senso FC, diminuiu também o valor pago pela TV aos clubes e consequentemente, faria com que os salários dos próprios atletas sofresse uma queda. Roni reconheceu esse efeito dominó e destacou que isso já seria necessário após a Copa do Mundo, já que os clubes enfrentariam problemas financeiros. De qualquer forma, tudo isso precisa ser conversado.

“Os atletas estão sempre focando nesse fato de que tem que se conversar, ninguém é o dono da razão, só que os jogadores estão cansados. Os jogadores tem que chegar nesse nível e serem inteligentes, porque é melhor receber um pouco menos e em dia do que receber um salário astronômico e não receber, não adianta. Mesmo se não tivesse o movimento do Bom Senso, eu já imaginava que depois da Copa do Mundo, os clubes brasileiros não vão mais conseguir bancar essa conta, o futebol brasileiro vai ficar falido”

Por fim, sobrou críticas para aquele que deveria preservar as vontades dos jogadores: o Sindicato Nacional dos Jogadores, que segundo o Bom Senso, estão ao lado da CBF, até por já terem feito críticas ao movimento. O ex-atacante do Goiás, do Vila e do Fluminense entende que é possível seguir exemplos do que acontece no futebol europeu e que está passando da hora de corrigir, de uma vez por todas, o rumo que o futebol brasileiro está seguindo.

“Essas situações já teriam que ter sido discutidas há muito tempo, mas infelizmente, o Sindicato dos Atletas não é tão atuante como deveria. Você todas as classes que tem um sindicato, eles são atuantes, e infelizmente, no futebol, não é assim. O presidente daqui é o Marçal, é meu amigo e eu não sei como funciona, mas o Sindicato Nacional todos os atletas acham que eles estão do lado oposto”.