Barragem de Serra da Mesa – GO (Foto: Rui Faquini / Banco de Imagens ANA)

Nos últimos meses, Goiás sofreu com a diminuição das chuvas, o que refletiu diretamente no volume dos reservatórios das hidrelétricas do estado. Segundo o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo), André Amorin, “no mês de novembro, choveu 35% menos que o esperado.”

Nas principais usinas de Goiás, os reservatórios estão operando abaixo de 30%, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico. Em Itumbiara, na região sul, foram registrados índices de chuva na região da barragem, bem inferior a média. Com isso, a seca prolongada reduziu a capacidade da barragem para 17,41%.

A situação mais grave é na Serra da Mesa, bacia do Rio Tocantins, que nasce na Serra Dourada em Goiás. A bacia do Tocantins está trabalhando com a capacidade bem reduzida, apenas 9,01%. Além de ser importante em Goiás, a usina possui grande importância no panorama energético brasileiro, com um atendimento do mercado de energia elétrica do Sistema Interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste. Além disto, ela é responsável pela ligação entre esse sistema e o Norte / Nordeste, sendo o elo da Interligação Norte-Sul.

Em São Simão, no sul do estado, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a hidrelétrica opera com menos de 29% do volume de água do reservatório. Acompanhe na tabela abaixo com dados divulgados no dia 5 de janeiro de 2020.

NÍVEL DOS RESERVATÓRIOS – GOIÁS
PRINCIPAIS BACIAS PRINCIPAIS RESERVATÓRIOS VOLUME ÚTIL ATUAL

PARANAIBA

38,59% do subsistema*

NOVA PONTE

11,17% do subsistema*

16,68%

EMBORCAÇÃO

10,76% do subsistema*

12,97%

ITUMBIARA

7,72% do subsistema*

17,41%

SERRA DO FACÃO

3,24% do subsistema*

17,04%

SÃO SIMÃO

2,47% do subsistema*

28,59%

BATALHA

1,35% do subsistema*

20,41%

TOCANTINS

17,22% do subsistema*

SERRA DA MESA

17,17% do subsistema*

9,01%

* Capacidade de armazenamento de energia da bacia/reservatório em relação ao subsistema considerando todos os reservatórios cheios (Fonte: ONS)

Já no centro de Goiás, em Pontalina, a cidade sofre com fortes chuvas. Neste sábado (4), a barragem localizada na Fazenda São Lourenço das Guarirobas, zona rural do município, rompeu. Segundo a prefeitura de Pontalina, pelo menos quatro residências da rua Padre Primo foram condenadas e interditadas pelos bombeiros por risco de desabamento. A Saneago afirmou que a chuva causou uma inundação “de cinco metros” na área de captação de água de Pontalina. De acordo com a empresa, a água deixou motores, quadro de comando e uma série de outros equipamentos submersos.

A Secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), junto ao Corpo de Bombeiros e Defesa Civil formaram um gabinete de crise composto para acompanhar a situação na cidade e tomar todas as providências necessárias. A Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (GoInfra) ainda interditou duas pontes nas GO-040 e GO-215, por 40 e 15 dias, respectivamente, na zona rural de Pontalina.

O tenente do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, Ricardo Mattos, que participou da operação do Corpo de Bombeiros na cidade de Pontalina, disse em entrevista à Sagres 730 nesta segunda-feira (6), que o resgate de pessoas e avaliação dos danos ao patrimônio da cidade, já foi finalizado.

A situação, no momento, já está controlada. Segundo Ricardo, há algumas barragens que precisam de monitoramento e de apresentação de documentos e manutenção. Uma delas está condenada, porém caso haja rompimento, o volume dela é absorvido pela barragem que já se rompeu, não causando danos às propriedades logo abaixo. Uma outra barragem, maior, apresenta alguns vazamentos e também precisa de atenção.

Caso volte a chover com grande intensidade, por medida preventiva, poderá ser necessário a evacuação das propriedades que estão abaixo das barragens que apresentam riscos.

Matheus Pessoa é estagiário do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o IPHAC e a  Faculdade Araguaia sob supervisão do jornalista Vinicius Tondolo.