O Rio de Janeiro enfrenta um aumento considerável na geração diária de lixo, com um acréscimo de 363 toneladas por dia ao longo de 12 anos, conforme revelado por um estudo inédito da Universidade Veiga de Almeida (UVA). Esse incremento equivale a mais de 2,6 vezes a capacidade do estádio do Maracanã em lixo, do chão ao topo, a cada ano.
De acordo com os dados comparativos entre o Censo 2022 do IBGE e as estatísticas do Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Rio de Janeiro, houve um aumento de 2,14% na produção diária de resíduos, passando de cerca de 16.970 toneladas para 17.333 toneladas entre 2010 e 2022.
Embora esse crescimento possa parecer modesto em termos percentuais, representa um acréscimo anual de 130.680 toneladas de resíduos para serem gerenciadas pelas autoridades municipais. O pesquisador Carlos Eduardo Canejo, da UVA, ressalta a importância de enfrentar esse aumento em múltiplas frentes.
“Há impactos do ponto de vista ambiental, em função dos potenciais impactos do descarte inadequado; econômico, devido aos custos com coleta, transporte, destinação final e disposição final dos resíduos; e social, quando percebemos que, apesar dos esforços para redução, reutilização e reciclagem dos resíduos, a sociedade fluminense ainda não conseguiu frear a geração”, explica o especialista.
Região metropolitana
A Região Metropolitana, que agora é responsável por 81,20% do total de resíduos urbanos, testemunhou uma diminuição ligeira em sua participação, mas isso ainda resultou em uma redução significativa na geração diária de lixo, quando era 84,14%, ou seja, redução de 203,94 toneladas diárias desse tipo de lixo.
As variações populacionais nas cidades da Região Metropolitana, como Duque de Caxias, Niterói e São Gonçalo, impactaram diretamente na produção diária de resíduos.
Enquanto algumas cidades experimentaram reduções na geração de lixo devido à diminuição populacional, outras, como Maricá, viram um aumento expressivo na produção de detritos devido ao crescimento populacional substancial.
Gestão mais eficiente
Com essa nova configuração demográfica, os pesquisadores enfatizam a necessidade de uma gestão mais eficiente dos resíduos, especialmente em cidades que ainda dependem de lixões ativos.
“A redução na capital reduz custos de coleta e de disposição final, além de aumentar um pouco a vida útil do aterro sanitário de Seropédica, único local de destinação dos resíduos da capital. No entanto, pequenas cidades como Maricá enfrentam desafios maiores em função do incremento nos custos em toda a cadeia de gerenciamento e na disposição final ambientalmente adequada dos resíduos”, ressalta Ricardo Soares, coordenador do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da UVA e coautor da pesquisa.
Municípios como Italva, São Fidélis e Cambuci enfrentam um crescimento alarmante na geração diária de resíduos sólidos urbanos, demandando uma atenção redobrada para evitar problemas ambientais e de saúde pública.
“É preciso incorporar os dados do Censo 2022 na necessária atualização do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, documento fundamental para a formulação de políticas públicas ambientais voltadas para a gestão de resíduos em atendimento às diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Esse levantamento pode apoiar a atualização das políticas e orientar tomadas de decisão eficazes pelo poder público”, finaliza Soares.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis
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