Diferente de equipes gaúchas e mineiras, que aos poucos voltam aos treinos, o retorno das atividades de futebol em Goiás ainda é considerado incerto. Sem uma previsão para os campeonatos começarem, também há um debate sobre a relevância de treinamentos individuais nas estruturas dos clubes. Entre tantas dúvidas, como preparar os atletas?

Por isso, a Sagres 730 durante essa semana no programa Toque de Primeira, com o repórter Rafael Bessa, buscou as opiniões dos responsáveis em condicionar fisicamente os jogadores dos clubes goianos. No Vila Nova, o preparador físico Leonardo Bassotto, que acompanhou o treinador Bolívar na mudança para Goiânia, se preocupa sobre o retorno precipitado das competições e os efeitos no jogador.

Durante o período de treinamentos de casa, “utilizamos muito a ferramenta do WhatsApp. No dia anterior, enviamos o trabalho que deve ser feito e durante o dia, conforme a organização dos horários, eles executam o trabalho e nos dão um feedback através de um questionário que respondem após o treino. Se necessário, chamamos individualmente algum atleta que ficou com dúvida ou que achamos que precisamos fazer alguma intervenção”.

A exemplo do Red Bull Bragantino, “discutimos no departamento de perfomance do Vila a possibilidade de fazer o treinamento via videoconferência, porém ainda não iremos adotar em vista dessa distância que estamos da reapresentação. Cada um na sua rotina, penso que deixando um pouco mais à vontade na questão do horário, ele vai desenvolver o treino de uma forma um pouco melhor. Mas estamos ‘apertando o cerco’ para que não relaxem”.

Sobre as atividades executadas, “estamos trabalhando em uma alternância de conteúdo. Tentamos dar uma ênfase um pouco maior para os trabalhos de força, que adaptamos para que possam fazer sem nenhum tipo de material, simplesmente com o que tem em casa. Mas o nível que se encontram hoje não tenho dúvidas de que é muito abaixo do que de uma reapresentação pós-férias, porque nas férias eles ainda têm mais condições de estarem exercitando”.

Bassotto detalhou que “em um dia, um trabalho voltado à força e potência, e no dia seguinte um trabalho de resistência. Não acredito que estejamos conseguindo nesse período fazer uma aquisição, mas muito mais uma manutenção. A partir do momento que for definido com total certeza o retorno, pretendemos nas duas últimas semanas, ou uma, tentar aumentar um pouco a intensidade. Mas à distância, sem o contato direto e a estrutura física, é muito difícil de levar o nosso atleta a um nível físico de razoável para bom”.

Diante das constantes mudanças de cenário para a volta, para o preparador físico colorado será possível somente no final de junho, porém “é muito difícil imaginar (a condição de jogo dos atletas), porque não sabemos em que contexto será essa volta. Se voltarmos sem restrição, acredito que por volta de seis a sete semanas conseguimos ter um desempenho bom. Mas se voltarmos com restrição, as semanas iniciais não têm o mesmo efeito e intensidade, então acho que o tempo seria maior”.

Leonardo ressaltou ainda que “falo muito isso para os nossos atletas, de que não teremos esse tempo. A partir do momento que a situação melhorar ou estabilizar, voltaremos e em um curto período teremos que estar jogando, então tento argumentar nesse sentido para que eles se dediquem ao máximo nesse período, porque não teremos a condição de tempo ideal para voltar a competir”.

O risco de lesão, portanto, é “altíssimo, e provavelmente teremos uma temporada com recorde de lesões. Além do pouco tempo de preparação, o volume de jogos será aumentado. Se não houve alteração de formato, acontecerá jogos a cada 48 horas, como já estão buscando esse acordo. Quem sofre são os atletas, porque vão entrar em uma partida sem estarem recuperados da anterior. Esse é o cenário perfeito da lesão”.

Confira na íntegra a entrevista de Leonardo Bassotto, do Vila Nova, e dos preparadores físicos de Atlético Goianiense e Goiás