VITORIA PEREIRA E LEONARDO VIECELI SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, decidiu abrir mão da indicação à presidência do conselho de administração da Petrobras. A informação foi confirmada em nota oficial assinada por Landim e publicada na madrugada deste domingo (3) no site do clube carioca.

“Apesar do tamanho e da importância da Petrobras para o nosso país, e da enorme honra para mim em exercer este cargo, gostaria de informar que resolvi abrir mão desta indicação”, escreveu.

Landim já trabalhou na estatal por 26 anos. Ele é um nome próximo do presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi aliado no debate para a retomada dos jogos de futebol após o início da pandemia.

Landim afirmou que já encaminhou sua posição ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e agradeceu o convite do governo federal.

Segundo ele, o motivo da decisão seria a dificuldade de exercer ambas as funções “com a excelência desejada e à altura que a Petrobras e o Flamengo merecem”.

“Em relação ao Flamengo, os últimos acontecimentos me demonstraram a necessidade de termos todos nós o compromisso de um grau ainda maior de dedicação e foco ao clube”, escreveu Landim.

O Flamengo perdeu o título do Campeonato Carioca para o rival Fluminense neste sábado.

A indicação para o conselho havia sido confirmada no início de março. O nome do presidente do Flamengo seria avaliado pelos acionistas da Petrobras em assembleia geral marcada para o dia 13 de abril.

Se fosse aprovado, Landim substituiria o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, que pediu para deixar o cargo alegando razões pessoais. O presidente do Flamengo fez carreira na estatal, de onde saiu em 2006 para integrar o grupo empresarial de Eike Batista.

A indicação de Landim ocorreu em meio à escalada dos preços dos combustíveis, que pressiona o governo Bolsonaro. A disparada de itens como a gasolina e o óleo diesel foi impulsionada em março pelos efeitos econômicos da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Bolsonaro deve tentar a reeleição neste ano e teme os impactos da perda do poder de compra do eleitorado. O presidente vem empilhando críticas à Petrobras e já defendeu mudanças na política de preços da estatal.

Alvo do descontentamento de Bolsonaro, o presidente da companhia, general Joaquim Silva e Luna, recebeu no dia 28 de março a comunicação de que deixará o cargo. O economista Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), foi indicado pelo governo para o lugar de Silva e Luna.

Bolsonaro classificou como “coisa de rotina” a segunda demissão de um presidente da Petrobras em seu governo, após o anúncio da saída do general. “É coisa de rotina, sem problema nenhum”, disse.

Na hora de definir os preços nas refinarias, a Petrobras leva em consideração o comportamento do petróleo no mercado internacional e a variação do dólar. É o chamado PPI (Preço de Paridade de Importação).

A atuação da petroleira e a carestia dos combustíveis viraram temas recorrentes de manifestações de possíveis candidatos à Presidência da República.

Pesquisa Datafolha indicou que 68% dos brasileiros atribuem ao governo Bolsonaro a responsabilidade pela alta de combustíveis.

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