Na edição #216 do Sagres Internacional, o jornalista Rubens Salomão e o professor de história e geopolítica, Norberto Salomão, conversam sobre a histórica hegemonia do Partido Colorado no Paraguai.

Além disso, debatem também sobre a acusação da Rússia contra a Ucrânia de tentar matar Putin com drones, o alerta do secretário de clima da ONU sobre efeitos do El Niño, a declaração da OMS do fim da emergência de saúde, as doações do Fundo Amazônia, que podem a cifra de R$ 6,4 bilhões de reais e a falta de mão de obra qualificada que pode levar Alemanha a flexibilizar política migratória.

Abre aspas

“Reis dos reis, senhor dos senhores, abençoado seja o recebedor dessa coroa e tão santificado seja, aquela sobre a cabeça será colocada essa coroa, como um sinal de majestade real, que ele seja coroado com fervor e cheio de graça abundante e todas as virtudes. Que ele viva e reine supremo sobre todas as coisas. Um Deus, amém”, disse o Reino Unido.

Tema do dia

O Partido Colorado foi fundado logo após a Guerra do Paraguai e pode ser definido como um partido conservador de direita. O Paraguai tem se demonstrado um país de tendência conservadora e uma exceção em relação às movimentações e alternâncias políticas na América Latina.

O Partido Colorado (Associação Nacional Republicana, ANR) está muito “enraizado” em muitos setores do país. O Paraguai tem cerca de 350 mil empregados públicos. A grande maioria é Colorado. O emprego é precário no país e o que paga melhor é o Estado. Além disso, há os fornecedores (setor privado) que fazem negócios com o Estado e o empresariado, que se sente mais confortável apoiando um governo de orientação menos progressista.

Essa realidade é constatada pelo próprio resultado das eleições, pois além da eleição de Santiago Peña, os “Colorados” venceram em 15 dos 17 departamentos (Estados) do país e a conquistaram a maioria das cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado. Outro aspecto importante para essa hegemonia do Partido Colorado é o fato do Paraguai definir a eleição em um único turno, dessa forma, sem ter segundo turno, dificulta ainda mais a união da fragmentada oposição em torno de um único candidato.

Assim, a possibilidade de vitória da oposição só se viabiliza quando ocorre alguma divisão interna dos colorados. Como foi o caso da eleição de Fernando Lugo em 2008. Fernando Lugo, Ex-bispo católico, governou o país entre 2008 e 2012 e não chegou a concluir o mandato de cinco anos, após um “impeachment express”, acusado de “mau desempenho de suas funções”.

A expectativa com a posse do novo presidente, SANTIAGO PEÑA, principalmente em relação aos acordos com o Brasil. Este anos os dois países precisam renegociar o Tratado de Itaipu, que completou 50 anos em abril e define as condições de comercialização da energia gerada na hidrelétrica binacional. No Paraguai, o acordo de 1973 é considerado por parte da população como desfavorável ao país. Os críticos defendem que o Paraguai venda sua energia excedente livremente no mercado e não somente ao Brasil, sob preços regulados.

Peña descarta romper os laços históricos do Paraguai com Taiwan para estabelecer relações diplomáticas com a China, uma reivindicação de setores importantes da economia paraguaia, como pecuaristas e grandes agricultores. Apesar de seu perfil conservador, anuncia que vai restabelecer relações com a Venezuela, rompidas em 2019 pelo atual presidente Mario Abdo, também do Partido Colorado.

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