Um dos questionamentos mais recebidos pelos médicos durante a pandemia de Covid-19 é: estou com coronavírus, posso amamentar? A pediatra Stephânia Laudares, em entrevista ao Sagres Em Tom Maior #322 desta segunda-feira (2), responde.

“Em caso de infecção materna pelo coronavírus a amamentação não deve ser deixada de lado. Pelo contrário. A gente tem que continuar estimulando o aleitamento materno, ele não deve ser interrompido nessas situações”, afirma. “Os estudos que temos até então mostram que ele não é transmitido pelo leite materno. Então não existe necessidade de suspender o aleitamento”, complementa.

Uma informação que vale ouro. O esclarecimento às mães sobre amamentação durante a pandemia é um dos objetivos da campanha Agosto Dourado. É neste mês que se intensificam as ações pró-aleitamento materno.

Stephânia Laudares no STM #322 (Foto: Sagres TV)

Quando não amamentar

Estar com Covid-19 não impede a lactante de amamentar. Inclusive é pelo leite que o bebê recebe os anticorpos maternos contra a doença do novo coronavírus. Stephânia Laudares esclarece em quais situações a mãe deve suspender o aleitamento.

“Quando a mãe não tem condições de amamentar o filho. Por exemplo se ela tem falta de ar, ela não está se sentindo bem, precisa de ser internada, aí obviamente ela não vai conseguir amamentar o filho dela. Caso contrário, essa amamentação deve ser até estimulada porque os estudos mostram que já existe evidências de transmissão de anticorpos maternos contra o coronavírus pelo leite”, afirma. Assista à entrevista a seguir a partir de 01:02:00

Amamentação após a vacina

Stephânia Laudares afirma que a mãe deve continuar amamentando mesmo após tomar a vacina contra a Covid-19, não importa a fabricante do imunizante. “Independente da vacina disponível, a mãe deve continuar o aleitamento materno. Não existe indicação de suspensão”, pontua.

Higiene sempre

Embora a Covid-19 não seja transmitida pela amamentação, a mãe contaminada precisa tomar todos os cuidados para que o bebê não seja infectado, inclusive mantendo distanciamento quando possível.

“Lavagem de mãos antes de manipular a criança, seja para amamentação, seja para troca de fraldas, por exemplo. O ideal é que ela amamente e manipule essa criança sempre de máscara. Quando ela não estiver amamentando, deixar essa criança no bercinho, no moisés, no carrinho a pelo menos dois metros de distância dela para tentar evitar a contaminação da criança”, argumenta.

Foto: Santa Casa/Governo do Pará

Situação inversa

Com as novas cepas, o coronavírus tem infectado mais pessoas jovens, inclusive crianças de diversas idades e bebês. Stephânia Laudares explica que se a situação for inversa e a criança se contaminar, a amamentação também não pode parar. 

Medicamentos

“A lactante não deve usar quaisquer medicações sem orientação médica. Uma simples medicação para dor, por exemplo, como analgésico ou anti-inflamatório, até mesmo as medicações que fazem parte do chamado tratamento precoce contra a infecção pela Covid-19. Toda lactante deve procurar orientação médica antes de usar qualquer medicação. Podemos sim ter efeitos colaterais na criança que é amamentada sim”, afirma.

Pesquisa

Menos da metade das crianças brasileiras menores de seis meses de vida (45,7%) foram amamentadas exclusivamente com leite materno. Os dados são do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), realizado pelo Ministério da Saúde, entre fevereiro de 2019 e março de 2020.

Apesar do baixo índice, o Brasil registrou aumento no número de crianças de até seis meses que receberam amamentação exclusiva, já que, em 2006, esse percentual era de 37%. Após avaliação de 14.505 crianças, foi constatado que mais da metade (53%) delas continua sendo amamentada no primeiro ano. Já entre os bebês menores de quatro meses a amamentação é de 60%.