Os prejuízos das mudanças climáticas chegaram a R$ 2 bilhões em Goiás, afirmou André Amorim, gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo). “Com a estiagem nos municípios a perda da parte agrícola gira em torno de R$ 2 bilhões só no estado de Goiás”, disse. Amorim esteve no programa Tom Maior para explicar os principais fenômenos responsáveis pelas frequentes mudanças no clima.

Um dos fenômenos explicados pelo gerente do Cimehgo é o El Niño, que causa o aquecimento das águas do Pacífico Equatorial. O El Niño mexe com a configuração do clima brasileiro, levando chuvas intensas e secas extremas ao mesmo tempo para as diferentes regiões do país. 

Mas André Amorim explicou que as duas situações ocorreram simultaneamente em Goiás. “O fenômeno El Niño é um fenômeno natural que acontece no Pacífico Equatorial, mas nós tivemos sérias situações no estado de Goiás”, destacou.

Situação de Goiás

O gerente do Cimehgo destacou a grande variabilidade do clima com períodos de estiagem e tempestades no mesmo território. No caso de Goiás, recentemente em fevereiro, o Governo Federal reconheceu a situação de emergência de 10 municípios por causa da estiagem. 

Os pedidos foram de Firminópolis, Gouvelândia, Jussara, Matrinchã, Nova Aurora, Novo Planalto, Santa Fé de Goiás, São Miguel do Araguaia, Uruana e Vila Propício. Mas no mesmo mês, a União aprovou emergência também para outras 25 cidades por causa dos baixos índices de chuvas.

As cidades são do Oeste e do Norte do estado e, para elas, houve tentativa de ajuda para para prorrogação de dívidas de financiamento, seguros para perda da safra e exoneração do Imposto Territorial Rural por causa dos prejuízos. Por outro lado, outros locais do estado tiveram chuvas intensas, como foi o caso de Iaciara, localizada no nordeste goiano.

Mitigação dos efeitos

André Amorim usou o caso de Iaciara para exemplificar a mitigação imediata dos efeitos das mudanças climáticas. Segundo o gerente do Cimehgo, o governo estadual está preparado para situações como a de chuvas intensas, que causaram uma enxurrada, que resultou num acidente com vítimas fatais e no rompimento de um trecho da GO-110, em Iaciara. 

“Nós temos o programa Goiás Alerta e Solidário no qual nós nos preparamos enquanto várias secretarias de Estado, da nossa parte levando a informação para todos os entes do governo. E com isso conseguimos minimizar os efeitos”, explicou.

“Quando aconteceu o rompimento da estrada em Iaciara em menos de 24 horas conseguimos resolver várias situações: as pessoas foram atendidas, infelizmente tivemos mortes, mas [atendemos] as famílias que necessitavam de cestas básicas, apoio e local para ficar”, contou. O programa tem caráter social, mas cada secretaria realiza sua atividade para  mitigar o efeito do problema.

“A Goinfra, por exemplo, tem que recuperar a estrada rapidamente. […] A pauta climática já é um outro departamento, mas os efeitos dela a gente tenta resolver imediatamente”, afirmou.

Dever de todos

André Amorim lembrou que os efeitos das mudanças climáticas não afetam somente os produtores rurais, que sentem com a perda do que foi plantado. No caso deles, o prejuízo ocorre pela perda e pela necessidade de replantar: “E isso tem um custo”, disse.

Como não é possível prevenir os eventos climáticos porque são naturais, o gerente do Cimehgo frisou que dá para mitigar os efeitos. Para ele, houve uma mudança recente na mentalidade acerca do cuidado com a mudança do clima.

“Nos últimos anos temos observado por parte de todos os dirigentes uma mudança que a população está solicitando, isso é o mais importante: a população entender que isso a afeta diretamente. A gente sabe que quando chove demais, temos problemas; e quando chove numa quantidade menor, temos problemas também”, disse. E continuou otimista em relação à mitigação dos efeitos que sentimos no dia  dia.

“É uma questão complexa, mas eu creio que a gente vai conseguir avançar e desenhar um novo papel, que é minimizar os efeitos. Essa situação não se encerra de uma hora para a outra, então tem que haver um grande esforço das pessoas, dos dirigentes, não somente em Goiás, mas no planeta como um todo”, finalizou. 

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.

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