O Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP) apresenta, nesta quarta-feira (19), um seminário para debater o reconhecimento de comunidades tradicionais do Brasil. Intitulado ‘Povos Indígenas e Afro-Descendentes nas Américas: Colaboração, Arqueologia, Repatriação e Herança Cultural, o evento ocorre às 17h, de maneira remota, no Dia dos Povos Indígenas.

Interessados podem se inscrever neste link. Além disso, o seminário quer também o reconhecimento de comunidades dos Estados Unidos. “A ideia é criar uma rede de colaboração e, mais do que isso, criar uma rede de diálogo entre essas comunidades. Nós seríamos apenas um facilitador, na questão linguística, por exemplo, com tradução consecutiva”, explica Marianne Sallum, pós-doutoranda do MAE e uma das organizadoras do evento, em entrevista ao Jornal da USP.

A primeira mesa de discussão vai debater sobre Arqueologias indígenas, territórios e direitos humanos, recebendo convidados de diferentes comunidades. De acordo com a organização, a experiência de cada um pode servir de exemplo para resolver problemas e questionar em outras comunidades.

Marianne Sallum explica os objetivos do seminário | Foto: Arquivo pessoal

Nesse sentido, o seminário ainda vai abordar territorialidade, direitos civis e os saberes tradicionais. “Estabelecemos os temas conversando com nossos convidados, para saber o que eles consideram importante discutir, como reconhecimento linguístico, resgate da língua, reconhecimento identitário e reconhecimento territorial”, destaca Marianne Sallum.

Primeiro encontro

Depois dessa primeira mesa, a organização deseja realizar novos debates no dia 21 de junho, com o nome ‘Movimentos de Mulheres Indígenas e Afrodescendentes e Organizações de Base‘. Sendo assim, a partir de 2024, os organizadores têm a intenção de criar mesas presenciais também.

“A ideia também é criar um website, onde essas pessoas possam colocar conteúdo que seja acessível por comunidades de diferentes lugares. Inicialmente nas três línguas, português, inglês e espanhol, mas também incluir línguas indígenas dependendo da demanda de cada comunidade”, revela Marianne Sallum.

O evento ainda pretende debater as questões da memória, fortalecimento da língua, identidade e outras manifestações de interesse local. “Queremos envolver os estudantes do MAE, os estudantes do Departamento de Antropologia da UMass-Boston, e de outras universidades, para repensar a questão da pauta acadêmica. Ela precisa ser renovada articulando os interesses dessas comunidades”, ressalta Marianne Sallum.

Organização e convidados

O seminário é uma parceria do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas em Evolução, Cultura e Meio Ambiente (Levoc) do MAE, junto ao Departamento de Antropologia da University of Massachusetts Boston (UMass-Boston).

A primeira edição conta com a participação dos brasileiros Luã Apyká, artista, escritor, ativista e professor indígena Tupi-Guarani. Além disso, o participante do Núcleo de Educação Indígena e membro da comunidade Tabaçu rekoypy, no município de Peruíbe, em São Paulo.

Por fim, Yacunã Tuxá, ativista, estudante, pesquisadora e artista indígena do povo Tuxá de Rodelas, na Bahia. As obras de Yacunã já foram expostas na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no Museu de Arte do Rio e no Museu Nacional da República.

Participam ainda Natasha Gambrell, indígena da comunidade Eastern Pequot, nos Estados Unidos. Além da professora indígena Blaire Morseau (UMass-Boston), da comunidade Potawatomi, que será a moderadora do debate. Os comentários finais serão realizados pelo professor Stephen Silliman, do Departamento de Antropologia da UMass-Boston. Ao término do evento, a gravação ficará disponível no canal do MAE no youtube.

Banner do evento | Foto: Divulgação/MAE-USP

*Esse conteúdo está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU 10 – Redução das Desigualdades

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