O aumento da sífilis é um problema que vem preocupando autoridades de saúde no Brasil e no mundo. Dados do Ministério da Saúde mostram que, de 2021 para 2022, a taxa de detecção de casos de sífilis adquirida por 100 mil habitantes cresceu 23%, de 80,7 para 99,2 casos. A sífilis adquirida é aquela contraída durante a vida, após o nascimento. Distinguindo-se da sífilis congênita, que é quando a gestante passa para o bebê e ele nasce com a doença.

O aumento da sífilis não acontece apenas no Brasil, vários países o registraram também. Houve 7,1 milhões de novos casos em todo o mundo em 2020, segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em 2022, o Reino Unido viu os registros atingirem o nível mais elevado desde 1948. Nos Estados Unidos os casos subiram 32% entre 2020 e 2021 no país. Foi o maior número de notificações em 70 anos.

A infectologista Juliana Barreto, destaca que esse aumento se deve ao fato das pessoas terem deixado de se proteger no sexo.

 “A doença tem aumentado muito nos últimos 10 anos. As pessoas hoje têm a profilaxia pré e pós exposição sexual em relação ao HIV. Elas acabam se preocupando apenas com essa doença e não se preocupam com as outras sexualmente transmissíveis. No caso da sífilis, a prevenção é o uso de preservativo nas relações sexuais”, afirma a especialista.

Confusão inicial

A sífilis ganhou vários nomes desde o primeiro registro dela, na década de 1490. Porém, um que permaneceu foi “a grande imitadora”. A enfermidade é mestre em imitar outras infecções, e os primeiros sintomas são fáceis de ignorar.

 “A sífilis pode ser confundida com várias doenças, pois ela primeiro pode manifestar lesões na pele, parecendo uma alergia, como nas palmas das mãos. E isso pode gerar uma confusão, ou pode não manifestar nem sintomas e ser um diagnóstico só por exame, então muitas vezes, tardio”, pontua.

É preciso ressaltar que a doença tem cura e pode ser tratada na rede pública de saúde. O foco é para tratar o treponema pálido. O tratamento principal é a penicilina benzatina, a quantidade de doses a ser feita vai depender da anamnese, do quadro clínico.

“Com as pessoas que têm alergia, a gente usa tratamentos alternativos, de segunda escolha”, explica a infectologista.

Mães e filhos

Segundo o Ministério da Saúde, a detecção de sífilis em gestantes também aumentou no país no ano passado, saindo de uma taxa de 28,1 casos a cada mil nascidos vivos em 2021 para 32,4 casos a cada mil nascidos vivos em 2022, um aumento de 15% em relação ao ano anterior.

Já a incidência de sífilis congênita ficou estável. A infectologista Juliana Barreto lembra que nem sempre a doença irá ser transmitida durante a gestação.

“Quando a paciente está gestante ela vai ser tratada, não é obrigatoriamente que vai transmitir para o feto, mas existe sim a chance de transmissão até a descoberta do diagnóstico, principalmente se tiver no início da gestação. É preciso ter toda uma cautela, por isso a importância de fazer o pré-natal correto”, explica a especialista.

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