A Água Camelo é uma startup brasileira que leva água tratada e segura para populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. O CEO Rodrigo Belli contou que a startup surgiu de um projeto de pesquisa durante a faculdade.

“Foi onde a gente começou a entender os desafios gigantescos que a gente encontra aqui no Brasil, onde mais de 36 milhões de pessoas não têm acesso a um copo de água limpa para beber em suas casas todos os dias”, disse.

O trabalho da Água Camelo está presente em regiões do semiárido, nos centros urbanos e na floresta amazônica. Desta forma, a definição de público ocorreu após pesquisas que demonstraram que nesses locais as pessoas precisavam passar por quatro etapas antes de ter acesso à água tratada.

“Eles precisam sair de casa, pegar água numa bica, transportá-la para casa, armazenar essa água e se possível filtrar essa água. Então, para suprir essas quatro etapas, de captação, transporte, armazenamento e filtragem da água, a gente desenvolveu o Kit Camelo. Esse kit é uma mochila de água portátil, com suporte de parede. E ela tem um manual de uso e manutenção que a gente entrega para o usuário”, afirmou.

Acesso seguro

Foto: Água Camelo

A Organização das Nações Unidas estima que bilhões de pessoas em todo o mundo ainda vivem sem água potável e saneamento seguro. Mesmo após os dois serviços serem considerados direitos fundamentais para a vida humana. No entanto, os recursos hídricos poluídos e a falta de tratamentos dos resíduos sólidos são fontes de veiculação de doenças que atingem, principalmente, as populações que não tem acesso seguro a esses serviços.

O CEO da startup disse que entender o desafio da falta de acesso no Brasil e no mundo foi o principal motivo para definir populações mais vulneráveis como o público-alvo. Sendo assim, uma forma de contribuir por meio do Kit Camelo com a universalização do acesso à água tratada e segura.

“Isso é para assegurar  acesso seguro para as pessoas que não têm água encanada em suas casas. Mas também para outras milhões que têm água encanada, mas que, no entanto, não é uma água tratada, ou seja, essa não é uma água segura para beber. Então a gente está realmente vivendo um grande desafio no Brasil e por isso o nosso foco é com esse público mais vulnerável”, explicou.

Conferência da Água da ONU

Ilustração para o Dia Mundial da Água celebrado em 22 de março de 2023 (Foto:ONU)

O trabalho da startup leva saúde para a população. Segundo a empresa, mais de 12 mil pessoas já foram diretamente impactadas com o Kit Camelo. Até o momento, 1.060 unidades distribuídas em 96 comunidades de 10 estados no país. Na última semana, a startup foi convidada para apresentar o seu case Conferência Mundial da Água. O evento ocorreu entre os dias 22 e 24 de março, na sede da ONU em Nova York. 

“O trabalho que a gente foi apresentar na ONU é uma parceria com a Associação Sociocultural Yawanawá e a Ama, que é um produto especial da Ambev. Nesse projeto piloto a gente implementou 100 kits Camelo na Aldeia Mutum dos Yawanawá, no Acre, e no Morro da Providência, no Rio de Janeiro”, contou.

Rodrigo Belli destacou que os resultados da implementação dos kits nas populações do Morro da Providência e na Aldeia Mutum foram muito positivos. Pois além de levar um serviço que não estava sendo entregue adequadamente ou não existia, os resultados apontaram melhora na qualidade de vida das pessoas. A análise partiu de uma metodologia de impactos específica para avaliar os projetos que foram implementados. 

“Quando chegamos na aldeia cerca de 96% das pessoas entrevistadas relataram sintomas de doenças de veiculação hídrica no último ano. E no Morro da Providência eram 62%. E após três meses de implementação do projeto com nossas ferramentas, houve a redução de 100% dos sintomas de doenças de veiculação hídrica na Aldeia e 87% na Providência. O que fez com que mais de 90% das mais de 700 pessoas impactadas pelo projeto se sintam mais seguras por consumirem água no Kit Camelo hoje em dia”, destacou.

Kit Camelo

Após o sucesso na Aldeia Mutum, a Água Camelo expandiu o projeto para outras 13 aldeias do mesmo território. Os Yawanawá são um povo indígena que reside numa área próxima ao Rio Gregório, em Tarauacá, no Acre. O projeto nas Aldeias Yawanawá é uma parceria da Água Camelo com a Associação Sociocultural Yawanawá e o Ambev AMA, uma ação que reverte 100% do lucro para projetos que levam água potável a quem não tem acesso. 

Segundo Rodrigo Belli, essa expansão do projeto na terra indígena impactou mais de 1.700 pessoas. Além disso, o CEO da Água Camelo explicou que o kit ofereceu a oportunidade da população fazer a gestão do acesso à água tratada no Festival Mariri, que é um importante marco da cultura Yawanawá.

Rodrigo Belli contou ainda que o convite para a Conferência Mundial da Água da ONU foi um convite da Ambev para falar sobre o projeto que está denso descalçado com os Yawanawá. Estiveram presentes no evento os fundadores da empresa, Rodrigo Belli, Daniel Ilg Leite e João Piedrafita. Além de dois líderes indígenas das aldeias, o Joaquim Yawanawá e a Laura Yawanawá. A equipe que foi aos Estados Unidos fez uma participação  no escritório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Universalização do acesso

Manual de instrução da mochila (Foto: Água Camelo)

Rodrigo Belli destacou que a participação na Conferência da ONU foi uma “experiência incrível”, com a oportunidade de conexão com grandes empresas e líderes mundiais. Segundo o CEO da Água Camelo estavam presentes no evento algumas das maiores referências para o  trabalho desenvolvido pela startup.

“Foi muito incrível poder estar junto de toda essa galera que faz de fato a roda girar, que está levando acesso para milhões de pessoas do mundo inteiro. São empresas que estão querendo se engajar nesse projeto de universalização da água tratada colocando recursos para que esse desafio seja sanado. Então foi 100% satisfatório”, relatou Rodrigo sobre o evento.

Belli contou que a Conferência foi também um momento de gerar networking e expor o trabalho da startup num evento internacional. “Nós conseguimos conectar com mais pessoas e levar essa noção de que existem milhões de pessoas que não têm acesso a água tratada na Amazônia. Apesar de ser um lugar que tem  muita água, ainda assim, falta água tratada para diversas comunidades, principalmente as indígenas. Então o resultado foi excelente para nós”, afirmou.

ODS

A Água Camelo é uma startup de impacto socioambiental que vende um serviço business to business (B2B), modelo de negócio entre empresas. “A gente vende para empresas o serviço para possibilitar o acesso a uma fonte segura de água tratada para cuidar de pessoas em situação de vulnerabilidade social”, disse Belli.

A startup destaca sua atuação com a Agenda 2030 da ONU. O principal Objetivo de Desenvolvimento Sustentável em sua atividade é o ODS 6 – Água e Saneamento. Mas a empresa também coloca em evidência suas atividades com outros temas como a erradicação da pobreza, a vida saudável e a redução de desigualdades.

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Imagem: Print do site Água Camelo

O CEO da Água Camelo, Rodrigo Belli, destacou que a startup está aberta para as demais empresas que desejam contribuir com o desafio mundial de universalizar a água tratada. “Todo mundo que quiser se engajar nesse movimento de universalização do acesso à água tratada é só entrar em contato através do nosso site ou whatsapp, para assim a gente conseguir solucionar juntos  esse desafio tão grande que vivemos”, disse.

Futuro do ODS 6

A Conferência da Revisão Geral Intermediária da Implementação da Década da ONU para Ação na Água e Saneamento (2018-2028), chamada informalmente de Conferência Mundial da Água 2023, é um marco das atividades ligadas ao ODS 6 em torno da Agenda 2030.

O objetivo da ONU é lançar após a reunião a Agenda de Ação da Água, um novo compromisso voluntário de governos, instituições e comunidades de todo o mundo para alcançar as metas globais propostas neste ODS.

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