Menos química e mais sustentabilidade para o agro. Esse é um dos objetivos dos remineralizadores. Derivado do pó de rocha, o bionsumo é rico em multinutrientes para o solo. Em Goiás, uma empresa de Aparecida de Goiânia vem se destacando nessa área, como explica o engenheiro agrônomo, responsável técnico e gerente comercial da Tratto Agronegócios, Saulo Brockes.
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“Utilizamos essas práticas que são naturais, nacionais e de baixo custo. Os remineralizadores hoje no Brasil já estão em torno de 40 empresas registradas em todo o território, do Norte do país ao Rio Grande do Sul, já há remineralizadores espalhados, cada um com a sua particularidade”, afirma.
O material que sai de Aparecida de Goiânia já abastece Goiás e outros estados como Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso e Tocantins. Entretanto, segundo Brockes, em breve o bionsumo estará em lavouras do Mato Grosso do Sul e até no exterior como no Paraguai.
Composição

O remineralizador, ou “pó de rocha”, resulta da moagem de rochas, “rochagem”, entre elas basálticas, micaxisto e sienitos.
“São derivados do pó de rocha, porém com uma normativa, que assegura os teores mínimos de cálcio e magnésio, de potássio, a soma de base. Tudo isso interfere no produto final. Os remineralizadores, que são utilizados como fonte nutricional de plantas, têm uma granulometria adequada e os teores mínimos nutricionais”, aponta Brockes.
A moagem fina faz com que a utilização do bioinsumo no solo aumente a atividade biológica. No caso do Fino de Micaxisto (FMX), por exemplo, produzido em Aparecida, a granulação é a do tipo “filler”, de 0,3 milímetros, ideal para a produção de grãos, cereais, plantas frutíferas ou florestais. A aplicação, porém, é anual e pode atender de uma a duas safras.
“Se estiver em uma granulometria muito grosseira, aquele material não intemperiza, não reage e não vai disponibilizar para a planta o que ela precisa dentro do tempo da cultura”, pontua.
Bioinsumo no solo
O bioinsumo fornece multinutrientes como potássio, cálcio, magnésio, silício, manganês, zinco e boro, entre outros minerais. É o primeiro aprovado pela Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD) para uso na produção orgânica. Segundo Brockes, os produtos passam por certificação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Entretanto, rochas ricas em metais pesados, por exemplo, não servem como remineralizadores, pois agridem o solo.
“Tem muita gente achando que pó de rocha é a solução e acaba comprando um pó de rocha qualquer, com metais pesados, em vez de levar a remineralização e nutrientes para o solo. Por isso a gente aconselha sempre levar produtos que são registrados pelo Mapa”, esclarece.

Até o resultado final, entretanto, o bionsumo passa por ensaios agronômicos, pesquisa, junto a universidades e órgãos reguladores como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A aplicação do remineralizador pode ser feita pelo próprio agricultor com equipamentos que ele costuma ter na lavoura, como uma calcariadeira ou um distribuidor de solo.
“Através disso a gente tem a certeza que aquele material pode ser um insumo agrícola voltado para uma agricultura mais sustentável por não serem materiais químicos. A única operação por processamento é através da moagem ou lavagem da rocha, como é o caso do FMX, um remineralizador aqui do estado de Goiás, que é uma rocha lavada. O material vai para um posto de decantação, sobe para uma pilha de secagem, é aberto, seco, e só depois é classificado como remineralizador de solo. Então não é simplesmente moer uma rocha e ter um pó”, reforça.
Pilares da sustentabilidade
Saulo Brockes aponta os pilares da sustentabilidade com a aplicação do remineralizador na produção.
Econômico: “A gente está deixando de colocar dinheiro lá fora e retendo a economia.”
Social: “Gera emprego,, gera renda, melhora o nosso produto interno.”
Ambiental: “A gente deixa de colocar um produto químico na lavoura para colocar um produto natural. Dessa forma a gente está condicionando o solo, mineralizando o solo e investindo em nosso maior patrimônio, que é o solo. É ele que precisamos preservar para proporcionar um futuro próspero para nossas futuras gerações”, afirma Brockes.

Recuperação de pastagens
De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a área agrícola financiada pelo Programa ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) cresceu 47%.
Segundo o levantamento, a recuperação de pastagens degradadas, que somam 372,5 mil hectares, é a tecnologia mais buscada pelos produtores rurais para financiamento pelo programa.
Pó de rocha no confinamento
Além de melhorar a nutrição e proteção das plantas e regeneração do solo, o remineralizador FMX vem sendo utilizado para o confinamento do gado. Contudo, o objetivo da prática, que começou em Goiás em 2015, é produzir um composto organo-mineral para pastagem ou lavoura, dentro do curral.
Quando o bioinsumo entra em contato com os dejetos dos animais, além de aumentar os teores nutricionais do composto, o pó de rocha auxilia na decomposição e mineralização da matéria orgânica.

Dessa forma, o composto se transforma em fertilizante organo-mineral natural, rico em multinutrientes, minerais e matéria orgânica. Além de barato, o insumo natural oferece inúmeros benefícios para o solo, plantas e o meio ambiente, de uma forma geral. A produção, todavia, pode se dar dentro da propriedade.
“É uma mistura de compostos minerais e orgânicos e que no final vai gerar um insumo de qualidade, no qual podem haver microorganismos biológicos, pois cada um terá a sua função de acordo com a rocha. Tem biológico que ajuda a solubilizar fósforo, potássio, biológico que ajuda a planta a resistir mais tempo a questões climáticas, ao estresse hídrico. Desta forma a gente torna a agricultura mais competitiva, rentável e sustentável”, conclui.
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