Com a sua melhor campanha no Brasileirão na era dos pontos corridos, conquistada na última temporada, o Atlético Goianiense classificou-se para a Copa Sul-Americana pela segunda vez na sua história. De volta ao torneio depois de nove anos, o ‘Dragão Campineiro’ terá nos meses de abril e maio deste ano uma competição bastante diferente daquela que disputou em 2012.

Ao invés da tradicional fase eliminatória desde o início do trajeto, os rubro-negros terão a oportunidade de jogar por pelo menos seis vezes. Afinal de contas, a competição, que corresponde ao segundo escalão do futebol sul-americano, foi expandida nesta temporada, de 54 para 56 clubes, inclusive com direito a uma fase de grupos aos moldes da Copa Libertadores da América, com oito grupos de quatro times.

Por outro lado, a sorte não foi muito generosa com os atleticanos na primeira experiência com o novo formato. Sorteados no Grupo F, os goianos enfrentarão equipes tradicionais do continente no considerado ‘grupo da morte’ da Sul-Americana. Ao seu lado, Newell’s Old Boys-ARG, Palestino-CHI e o perdedor do confronto entre Libertad-PAR e Atlético Nacional-COL, que disputam a terceira fase preliminar da Libertadores.

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Detalhes do torneio

Por conta da Copa América 2020, que será realizada entre os dias 11 de junho e 11 de julho deste ano, as seis rodadas foram ordenadas em seis semanas consecutivas, de 20 de abril a 27 de maio, com jogos às terças, quartas e quintas-feiras. A competição será retomada após o torneio de seleções, a partir de 13 de julho, com a fase final.

Um detalhe importante no regulamento da copa é que, ao contrário da Libertadores, apenas o campeão de cada uma das oito chaves avança para a fase final na reformulada Sul-Americana, encontrando nas oitavas de final os oito terceiros colocados dos grupos da principal competição de clubes organizada pela Conmebol.

Taça da Copa Sul-Americana (Foto: Divulgação/Conmebol)
Histórico do Dragão

Esta será a segunda participação do Atlético na Sul-Americana. Em 2012, os rubro-negros eliminaram o Figueirense na segunda fase. Após dois empates em 1 a 1, vitória por 4 a 2 na disputa por pênaltis no Orlando Scarpelli. Nas oitavas de final, depois de perder por 2 a 0 o primeiro jogo, o triunfo por 3 a 1 no Serra Dourada não foi suficiente para superar a Universidad Católica-CHI, que avançou pelo critério de gols fora de casa.

Por conta do desempenho de nove anos atrás, o clube conseguiu entrar no pote 3 do sorteio da última sexta-feira (9). Atualmente, os campineiros ocupam a posição 199 no ranking de clubes da Conmebol, com 21,6 pontos.

A menos de duas semanas da estreia do Dragão na Sul-Americana de 2021, o Sagres Online preparou um material especial sobre os adversários dos rubro-negros, com informações sobre o passado e o presente dos clubes do Grupo F.

Maxi Rodríguez, meia-atacante e capitão do Newell’s Old Boys (Foto: Divulgação/NOB)
Newell’s Old Boys (Argentina) – 56º no ranking da Conmebol
  • Time-base: A. Aguerre; M. Capasso, C. Lema e Y. Cabral; J. Cacciabue (M. Llano), P. Pérez, J. Fernández (J. Sforza) e F. Negri; A. Rodríguez (I. Scocco), J. Cristaldo e M. Rodríguez (M. Formica). Treinador: Germán Burgos

Tradicional clube de Rosário, capital da província de Santa Fé e terceira maior cidade da Argentina, o Club Atlético Newell’s Old Boys é considerado o principal “clube do interior” do futebol argentino. Nove vezes campeão nacional, possui seis títulos do campeonato, o último conquistado em 2013. Rubro-negros como o Atlético, já foram vices da Libertadores em duas oportunidades: em 1988, para o Nacional-URU, e em 1992, para o São Paulo.

Esta será a quarta participação dos ‘leprosos’ na Sul-Americana, competição que teve como melhor resultado em 2010, quando chegou até as quartas de final. Em 2005 e 2018, não conseguiu superar a primeira fase. Uma curiosidade é que o clube já visitou Goiânia: na Libertadores de 2006, estava no mesmo grupo que o Goiás, que liderou a chave e bateu os argentinos por 3 a 0 no Serra Dourada, empatando em 0 a 0 na Argentina.

Reconhecido por ser um clube formador, foi a primeira casa de grandes figuras do futebol argentino, como os atacantes Jorge Valdano, Abel Balbo e Gabriel Batistuta e os zagueiros Roberto Sensini, Mauricio Pochettino e Gabriel Heinze. Nascido em Rosário, Marcelo Bielsa também começou a sua trajetória pelo clube, assim como o seu aprendiz Gerardo Martino. Inclusive, o estádio do Newell’s, apelidado de ‘El Coloso del Parque’, leva o nome de Bielsa.

Diego Armando Maradona também teve a oportunidade de jogar pelo clube ‘rojinegro’, que defendeu entre 1993 e 94. Inspiração para um jovem Lionel Andrés Messi Cuccittini, natural de Rosário, e que ingressou nas categorias de base do clube em 1995 antes de se mudar para o Barcelona-ESP, com 13 anos. Após a morte do seu ídolo em novembro de 2020, Messi o homenageou ao utilizar uma camiseta de Maradona nos tempos de Newell’s.

Lionel Messi em homenagem a Diego Maradona após a morte do seu ídolo, que chegou a jogar pelo Newell’s Old Boys, clube do coração do camisa 10 do Barcelona (Foto: Divulgação/FC Barcelona)

No último Campeonato Argentino disputado, a Superliga 2019-20, encerrada em março do ano passado, o Newell’s foi o 10º colocado. No segundo semestre, teve participação tímida na Copa Diego Armando Maradona, em que, após ser o terceiro na sua chave na fase de classificação, não conseguiu chegar à fase final da repescagem. A vaga na Sul-Americana foi conquistada por ter sido o oitavo melhor argentino na última temporada.

Nesta época, o time tem desempenho ruim na Copa da Liga, torneio disputado no primeiro semestre enquanto o campeonato não é iniciado – programado para a segunda metade do ano. 12º colocado no seu grupo na primeira fase, somou apenas quatro pontos em oito jogos, com nenhuma vitória, quatro empates e quatro derrotas. Na tabela geral, de 26 times, é o 24º colocado. Em 2021, ainda não venceu nenhuma partida.

A equipe passou por uma mudança no comando técnico, com Frank Kudelka substituído por Germán Burgos, que empatou os três jogos em que esteve à frente do Newell’s. Esta é, inclusive, a primeira experiência profissional de Burgos treinando um time. Por uma década, o ex-goleiro foi o braço direito de Diego Pablo Simeone, seu principal assistente nas passagens por Catania-ITA, Racing-ARG e Atlético de Madrid-ESP.

Formado por muitos jovens revelados no clube, o elenco conta também com jogadores veteranos, alguns até formados no próprio Newell’s, como o meia-atacante Maxi Rodríguez, de 40 anos. Revelado em 1999, jogou até 2002 antes de ser vendido ao Espanyol-ESP. Ídolo do Atlético de Madrid, retornou ao Newell’s duas vezes, em 2012 e 2019. Segundo maior artilheiro do clube, com 96 gols, dá nome a um dos setores do estádio.

Também foram revelados no clube os volantes Fernando Belluschi (37 anos, San Lorenzo-ARG) e Pablo Pérez (volante, 35, ex-Boca Juniors-ARG), o meia-atacante Mauro Formica (33, ex-Blackburn Rovers-ING) e o atacante Ignacio Scocco (35, ex-Internacional). Outra cara conhecida do futebol brasileiro é o atacante Jonatan Cristaldo, ex-Palmeiras, de 32 anos, contratado recentemente após passagem pelo Racing-ARG.

Luis Jiménez, meia-atacante e capitão do Palestino (Foto: Divulgação/CDP)
Palestino (Chile) – 62º no ranking da Conmebol
  • Time-base: C. Toselli; C. Suárez, P. Alvarado (Mesina), B. Romo (N. Berardo) e V. Fernández; A. Farías e C. Cortés; B. Carrasco, L. Jiménez e J. Benítez; J. Sotelo. Treinador: José Luis Sierra

Não se engane, o nome do Club Deportivo Palestino não é aleatório. Fundado em 1920 por membros da colônia de palestinos no Chile, o clube de Santiago representa uma comunidade que hoje conta com cerca de 500 mil descendentes da região no país – o maior grupo palestino estrangeiro em todo o mundo. As cores pan-árabes – vermelho, preto, branco e verde – estão simbolizadas na marca e no uniforme do clube.

Através de ações sociais do clube e da torcida, o Palestino também tem um papel importante de apoio à causa palestina, que reinvindica a soberania dos territórios que ocupa no Oriente Médio, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Recebe ainda apoio de instituições palestinas. O estádio utilizado pelo clube é o Municipal de La Cisterna, localizado na parte sul de Santiago.

Presença constante nos torneios internacionais desde a última década, o Palestino é bicampeão chileno, títulos conquistados em 1955 e 1978. O último, inclusive, contou com a participação do histórico líbero Elias Figueroa, ídolo do Internacional. O clube também é tricampeão da copa chilena, incluindo duas conquistas nos anos 70, em 1975 e 77, e outra em 2018, este o último título celebrado pelos tricolores.

São seis as participações do clube na Libertadores, incluindo a fase de grupos em 2019, em uma chave com River Plate-ARG e Internacional. Eliminado na terceira fase preliminar em 2020, nesta temporada participará da Sul-Americana pela quarta vez. Eliminado na segunda fase em 2017 e 2019, teve o seu melhor desempenho em 2016, quando chegou até às quartas de final, caindo diante do San Lorenzo-ARG.

A sua classificação para o torneio de 2021 veio graças ao quinto lugar no Campeonato Chileno da última temporada, quando somou 51 pontos em 34 jogos, com 14 vitórias, nove empates e 11 derrotas. Foi o melhor colocado entre os classificados à Sul-Americana, e chegou à fase de grupos após eliminar o conterrâneo Cobresal na primeira fase do torneio. Depois de empatar em 0 a 0 no primeiro jogo, venceu em casa por 2 a 1.

Nesta temporada, a equipe disputou somente duas rodadas do campeonato, e perdeu ambas. Depois dos 4 a 2 diante do Antofagasta, também caiu para a Universidad Católica por 2 a 1. Em 2021, foram 13 partidas, com cinco vitórias, cinco empates e três derrotas. Reconhecido pelo bom trabalho conduzido no rival Unión Española na primeira metade da última década, José Luis Sierra é o treinador desde novembro.

O volante Bruno Gallo, de 32 anos, revelado pelo Vasco da Gama, é o único brasileiro no elenco tricolor. Em 2021, a diretoria reforçou o grupo com jogadores experientes, como o goleiro Cristopher Toselli (32 anos, emprestado pela Católica-CHI), os zagueiros Cristián Suárez (34, ex-Corinthians) e Pablo Alvarado (35, ex-Independiente del Valle-EQU) e o atacante Juan Sánchez Sotelo (33, ex-Huachipato).

O veterano Luis Jiménez, meia-atacante de 36 anos, com longa passagem pelo futebol italiano, incluindo clubes como Inter, Lazio e Fiorentina, é o capitão e principal jogador do time. Revelado no clube em 2001, retornou em 2018. A liderança também é dividida com os volantes Agustín Farías (33) e César Cortés (37). Já os pontas Bryan Carrasco (30), Jonathan Benítez (29) são outros destaques da equipe.

O veterano Luis Jiménez, camisa 10 do Palestino, é um dos principais jogadores do clube chileno (Foto: Divulgação/CDP)
Libertad (Paraguai) – 14º no ranking da Conmebol
  • Time-base: M. Silva; I. Piris, C. Báez, A. Barboza e M. Espinoza; R. Bogarín (H. Villalba), D. Bocanegra (A. Mejía), R. Martínez e I. Franco; S. Ferreira e A. Martínez (O. Cardozo). Treinador: Daniel Garnero

Considerado a terceira força do futebol paraguaio, o Club Libertad está localizado no histórico bairro Las Mercedes, um dos mais tradicionais de Assunção. Atrás dos rivais Olimpia e Cerro Porteño, tem 20 títulos do campeonato, o último em 2017. O seu estádio, apelidado ‘Tuyukuá’, que significa “buraco de lama” em guarani, homenageia Nicolás Leoz, presidente da Conmebol por quatro décadas, que também presidiu o clube entre 1968 e 77.

O ‘Gumarelo’ é presença constante nos torneios organizados pela Conmebol, porém nunca foi campeão sul-americano. Nas 20 participações que teve na Libertadores, chegou até às semifinais em duas oportunidades, em 1977 e 2006. Na Sul-Americana, o máximo que alcançou também foram as semifinais, em 2013 e 2017. Com 13 participações, é o clube paraguaio que mais disputou o torneio.

Na última temporada, o time esteve longe da briga pelo título no Campeonato Paraguaio. Terceiro colocado no Apertura, ficou uma posição abaixo no Clausura, eliminado nas quartas de final pelo Guaraní, depois de perder por 3 a 1. De qualquer forma, foi o terceiro melhor na tabela geral, com 62 pontos em 33 jogos, além de 18 vitórias, oito empates e sete derrotas, o que valeu a classificação à segunda fase preliminar da Libertadores.

Até o momento, o Libertad está invicto no torneio. Depois de eliminar a Universidad Católica-EQU com uma vitória por 1 a 0 e um empate em 2 a 2, bateu o Atlético Nacional-COL no primeiro jogo da terceira fase, novamente por 1 a 0, em casa. A partida da volta, em Medellín, acontece na próxima quarta-feira (14). No Paraguaio, é o terceiro do Apertura, e coleciona oito vitórias, dois empates e três derrotas em 13 jogos em 2021.

Treinado por Daniel Garnero, que assumiu o comando do time nesta temporada, tem figuras conhecidas como o goleiro Martín Silva (38 anos, ex-Vasco), o lateral Iván Piris (32, ex-São Paulo) e o volante Ramón Martínez (25, ex-Atlético-MG), além do veterano atacante Óscar Cardozo (37, ex-Benfica-POR). Os destaques da equipe são os jovens atacantes Sebastián Ferreira (23), este artilheiro do time, e Iván Franco (20).

O eliminado no confronto entre Libertad, do Paraguai, e Atlético Nacional, da Colômbia, na 3ª fase preliminar da Libertadores, estará no grupo do Atlético-GO na Sul-Americana (Foto: Divulgação/Conmebol)
Atlético Nacional – 7º no ranking da Conmebol
  • Time-base: A. Quintana; Y. Candelo, Y. Mosquera, E. Olivera e D. Banguero; B. Perlaza, M. Chacón (B. Rovira) e S. Gómez (V. Hernández); J. Barrera e A. Andrade; J. Álvez (J. Duque). Treinador: Alexandre Guimarães

O único campeão internacional entre os sorteados, o Atlético Nacional não é chamado de ‘Rey de Copas’ à toa. Maior campeão colombiano, coleciona 29 títulos nacionais e internacionais, dos quais 16 da primeira divisão nacional, o último em 2017, além de um bicampeonato da Libertadores, em 1989 e em 2016. Junto ao Once Caldas, são os únicos dois clubes colombianos campeões do torneio.

Atualmente na sua 21ª participação na Libertadores, também foi vice-campeão para o Grêmio em 1995. Já na Sul-Americana, que disputou nove vezes, foram três vices, em 2002, 2014 e 2016, este para a Chapecoense, que teve o título declarado após o desastre aéreo envolvendo a comitiva do clube catarinense antes da final. Considerado um dos clubes mais populares do futebol sul-americano, já foi ligado ao narcotraficante Pablo Escobar, chefe do Cartel de Medellín, onde o Nacional está localizado.

Protagonista até 2017, o clube não repetiu o mesmo sucesso nas últimas temporadas. No Campeonato Colombiano de 2020, foi o terceiro colocado na primeira fase, eliminado nas oitavas de final pelo futuro campeão América de Cali. A vaga na fase preliminar da Libertadores foi conquistada com a quarta melhor campanha na tabela geral, com 38 pontos em 22 jogos, através de 11 vitórias, cinco empates e seis derrotas.

Em 2021, são 11 vitórias, quatro empates e cinco derrotas em 20 jogos. Na Libertadores, bateu o Guaraní-PAR sem maiores dificuldades na segunda fase preliminar, com vitórias por 2 a 0 e 3 a 0. Na fase seguinte, contudo, perdeu o primeiro jogo para o Libertad-PAR por 1 a 0, fora de casa. A partida da volta, em Medellín, acontece na próxima quarta-feira (14). O clube não disputa a fase de grupos do torneio desde 2018.

O treinador da equipe é Alexandre Guimarães, brasileiro naturalizado costarriquenho, que substituiu Juan Carlos Osorio em dezembro. Com um grupo de muitos jovens formados no clube, o Atlético Nacional é liderado pelos meias-atacantes Andrés Andrade (32 anos) e Jarlan Barrera (25), além do atacante e capitão Jefferson Duque (33), que ganhou a concorrência de Jonatan Álvez (32, ex-Internacional) nesta temporada.