(Foto: ONU-DH México)

Foi apresentado no Conselho de Direitos Humanos nesta quinta-feira um relatório sobre violações ocorridas durante a investigação sobre o desaparecimento de 43 estudantes no México.

Na noite entre 26 e 27 de setembro de 2014, um grupo de estudantes de uma faculdade de Ayotzinapa foi atacado pela polícia municipal enquanto seguia numa viagem de ônibus. Eles desapareceram na cidade de Iguala, no estado de Guerrero.

Pessoas torturadas

Quarenta e três estudantes desapareceram, seis pessoas foram mortas, incluindo três estudantes. O incidente ainda deixou 40 feridos. Em janeiro de 2015, o procurador-geral declarou o caso como resolvido, afirmando que a polícia entregou os estudantes para uma gangue, que os matou.

Mas o relatório da ONU mostra que pessoas ligadas ao caso foram detidas à força e torturadas nos estágios iniciais da investigação. O representante no México do Escritório de Direitos Humanos da ONU, Jan Jarab, falou sobre as violações.

Injustiças

Segundo Jarab, a equipe da ONU documentou 34 casos de tortura de pessoas detidas. O relatório foi intitulado “Injustiça Dupla” porque além da injustiça cometida aos estudantes desaparecidos e suas famílias, as pessoas torturadas foram vítimas de “uma má investigação”.

O representante explica que mesmo que essas pessoas tenham sido responsáveis pelo desaparecimento dos estudantes, “simplesmente não se pode resolver uma violação dos direitos humanos cometendo outra”.

As conclusões foram baseadas em arquivos judiciais, relatórios médicos de ferimentos físicos, entrevistas com autoridades, detidos e testemunhas.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid al Hussein, destacou o “padrão de cometer, tolerar e encobrir a tortura durante a investigação do caso Ayotzinapa”.

Segundo Zeid, além de ser uma violação dos direitos dos detidos, as ações “violaram o direito de justiça e de verdade para as vítimas dos eventos de setembro de 2014, suas famílias e para a sociedade”.

O relatório pede ao México para criar um programa nacional de prevenção e punição da tortura.

Da ONU News