No último episódio da série Tenha Voz, o assunto é o tráfico humano. Também chamado de tráfico de pessoas, é uma das atividades ilegais que mais se expandiu no século 21, e chama a atenção mundial por desrespeitar diretamente os direitos humanos.

No Sagres Em Tom Maior #358, a psicóloga e presidente da Austrália Goiás, Beth Fernandes, analisa como o tráfico de pessoas atualmente ainda se assemelha às práticas dos tempos de escravidão no Brasil. Confira a seguir

“As mulheres, principalmente pardas e negras, são as que mais sofrem com a exploração de seus corpos. Isso porque colonialmente nosso país há anos vem falando que esses corpos são os que levam prazer, que são quentes etc. É possível ver isso quando se chega em algum país da Europa e alguém fala ‘ela é brasileira’. Já se faz a subjugação de que a brasileira é fogosa, quente, livre sexualmente”, analisa.

Entenda

Organização das Nações Unidas (ONU), no Protocolo de Palermo (2003), define tráfico de pessoas como o “recrutamento, transporte, transferência, abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou outras formas de coerção, de rapto, de fraude, de engano, do abuso de poder ou de uma posição de vulnerabilidade ou de dar ou receber pagamentos ou benefícios para obter o consentimento para uma pessoa ter controle sobre outra pessoa, para o propósito de exploração“.

De maneira geral, o tráfico de pessoas consiste no ato de comercializar, escravizar, explorar e privar vidas, caracterizando-se como uma forma de violação dos direitos humanos por ter impacto diretamente na vida dos indivíduos. Se houver transporte, exploração ou cassação de direitos, o crime pode ser classificado como tráfico de pessoas, não importa se há supostamente um consentimento por parte da vítima.

O tráfico de pessoas é, em todo o mundo, o terceiro negócio ilícito mais rentável, logo depois das drogas e das armas. Essa prática não exclui nenhum país, nem indivíduos, mesmo que mulheres, crianças e adolescentes sejam as principais vítimas. Os países mais vulneráveis ao tráfico de seres humanos e à exploração sexual são os marcados pela pobreza, instabilidades políticas, desigualdades econômicas, países que não oferecem possibilidade de trabalho, educação e perspectivas de futuro para os jovens.

Crescimento

Segundo estudos feitos pela OMT (Organização Mundial do Trabalho) o tráfico humano movimenta cerca de 32 bilhões de dólares por ano, em que 79% das vítimas são destinadas à prostituição, em seguida ao comércio de órgãos e à exploração de trabalho escravo em latifúndios, na pecuária, oficinas de costura e na construção civil.

Um total de 63,2 mil vítimas de tráfico de pessoas foram detectadas em 106 países e territórios entre 2012 e 2014, de acordo com o relatório publicado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). As mulheres têm sido a maior parte das vítimas — frequentemente destinadas à exploração sexual e o percentual de homens traficados para trabalho forçado aumentou. As crianças permanecem como o segundo grupo mais afetado pelo crime depois das mulheres, representando de 25% a 30% do total no período analisado.

Em caso de Tráfico de Pessoas, é preciso denunciar. Disque: 100 ou Ligue: 180.

Com informações do site Politize