Recentemente, um inquérito nacional sobre a carga econômica das famílias impactadas pela tuberculose (TB) foi publicado na revista científica Plos One. Os resultados indicam que 48% das famílias brasileiras afetadas pela tuberculose enfrentaram “custos catastróficos” relacionados ao tratamento, diagnóstico ou perda de renda devido à incapacidade para o trabalho decorrente da doença.

O artigo intitulado “The economic burden of households affected by tuberculosis in Brazil: First national survey results, 2019-2021” tem como primeira autora a professora Ethel Leonor Noia Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e conta com a colaboração de pesquisadores de diversas instituições, incluindo o professor Fredi Alexander Diaz Quijano, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

O termo “custo catastrófico”, conforme descrito no artigo, refere-se a despesas que ultrapassam 20% dos rendimentos anuais das famílias, devido à carga imposta pela doença. Esse impacto econômico é mais acentuado (78%) nas famílias de pacientes com tuberculose resistente.

Despesas

Entre os principais custos estão a perda de renda devido à incapacidade para o trabalho durante o tratamento, despesas com transporte para acessar serviços de saúde, custos com medicamentos e tratamentos, e despesas indiretas relacionadas ao cuidado e suporte aos pacientes.

Além disso, os custos foram mais comuns entre portadores de HIV e pessoas autônomas (self-employee). Por outro lado, observou-se que um maior nível de educação atua como fator protetor contra o impacto econômico da doença.

O professor Fredi Alexander Diaz Quijano, do Departamento de Epidemiologia da FSP, um dos colaboradores da pesquisa, ressalta a relevância dos resultados para a saúde pública no Brasil.

“O estudo é uma referência chave para ilustrar o impacto da tuberculose nas famílias brasileiras. Além disso, é um ponto de partida para o desenvolvimento e a avaliação de políticas públicas voltadas à redução da carga socioeconômica da doença”, afirma Fredi Quijano.

Distribuição dos custos totais durante o episódio de TB, por categoria de custo

Pesquisa Nacional de Custos de Pacientes com TB no Brasil, 2019–2021

Embora os serviços oferecidos aos pacientes com TB sejam gratuitos no setor de saúde pública brasileiro, a disponibilidade de serviços gratuitos de diagnóstico e tratamento não alivia a carga financeira dos pacientes no que diz respeito ao acesso aos cuidados de TB. O estudo permite identificar os custos incorridos pelos pacientes e sugere ações para mitigar o sofrimento. Além disso, o trabalho estabelece uma linha de base para monitorar custos catastróficos e promover uma política nacional para reduzir os custos para pacientes com tratamento de TB no Brasil.

O estudo foi financiado pelo President’s Emergency Plan for AIDS Relief (PEPFAR) e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Para mais informações sobre o estudo, acesse o artigo completo no link.

*Com informações do Jornal da USP

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e bem-estar

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