O câncer de testículo está longe de ser comum. Entre as neoplasias que acometem os homens, representa somente cerca de 5%. Entretanto, que muitos pacientes não sabem também é que não é tão difícil perceber a existência de um tumor na região. Para isso, é necessário fazer algo simples: o autoexame.
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É o que pontua o médico urologista com atuação em Uroncologia e pós-graduado pelo Hospital do Câncer de Barretos-SP, André Luiz Nogueira. “Um simples autoexame tocando o testículo já se pode perceber se há alguma alteração e é um indicativo de se procurar um médico”, afirma.
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Conforme Nogueira, o câncer de testículo ocorre, geralmente, na faixa etária entre 20 e 40 anos. Justamente por esse motivo, os mais jovens acabam negligenciando esse cuidado desde cedo.
“Às vezes a pessoa negligencia esse momento, achando que não é nada. De repente, com o passar do tempo, lá por seis meses após o episódio, vem a descobrir uma massa endurecida. Um nódulo local que pode vir a ser um câncer de testículo que possa já estar avançado”, descreve.
Como identificar
O nódulo pode ser do tamanho de uma ervilha, no entanto, indolor. Fica na bolsa escrotal, onde estão os testículos. “O que a gente recomenda é que a cada sinal de alteração no exame do testículo, por mínimo que seja, já deve fazer a ida ao urologista para avaliação”, reforça Nogueira.
Outro fator que merece atenção, todavia, é o fato de o câncer no testículo se desenvolver mais rapidamente. Isso porque costuma acometer células mais jovens do organismo. Segundo Nogueira, contudo, o diagnóstico precoce é essencial para a cura.
“São tumores onde as células iniciais, precoces no desenvolvimento, principalmente em células germinativas. Então ele tem uma celeridade na divisão celular maior. No entanto, tem um prognóstico melhor também. A taxa de cura do câncer de testículo chega a quase 99%, se diagnosticado em fases iniciais. Tanto que é possível ver jovens vivendo muito tempo depois do câncer de testículo. Então o importante é diagnosticar de forma precoce”, acrescenta.
Saúde do homem
Outro agravante, inclusive, é o fato de que boa parte dos homens parece não se importar com a própria saúde. É o que mostra uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em parceria com o laboratório Bayer. O levantamento divulgado em 2022 mostra que 51% dos 3.200 homens entrevistados nunca foram ao urologista.
Este é um dos objetivos da campanha Abril Lilás: conscientizar sobre a importância de fazer o acompanhamento médico junto a um especialista. O principal, no entanto, é a prevenção ao câncer de testículo.
“O hábito de vir ao médico é coisa que as mulheres já fazem desde a menstruação. O homem, porém, não tem esse hábito. Esse é um recado importante que a gente quer deixar para mudar a história de muitas doenças que poderiam vir a acontecer. Promover saúde para o homem também, acho que isso é o mais importante”, conclui.
Fatores de risco
– Parentes que já tiveram câncer de testículo como, por exemplo, pai, tio ou primo
– Pacientes que nasceram com testículo fora da bolsa escrotal;
– Pacientes que já tiveram câncer em outro testículo, o chamado testículo contralateral.
Como fazer o autoexame do testículo:
- – De pé, em frente ao espelho, procure observar alguma alteração na região como: mudança no tamanho dos testículos, sensação de peso no escroto, dor no abdômen inferior, na virilha, nos testículos ou no escroto, líquido que sai do escroto.
- – Examine cada testículo com as duas mãos. Para isso, no entanto, posicione o testículo entre os dedos indicador, médio e polegar e movimente-o. O autoexame não deve causar dor. Além disso, é normal se observar que um dos testículos parece ser maior que o outro.
- – Localize o epidídimo, canal localizado atrás do testículo que coleta e carrega o esperma. Isso é importante para conhecer essa estrutura e não confundir com uma massa suspeita.
Com informações do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica Dr. Gustavo Guimarães