“Cada fio de cabelo perdido é um quilômetro percorrido”. A frase é de Vanderlei Cordeiro de Lima, medalhista olímpico na maratona de Atenas em 2004. Após participar do Olympism365: Esporte, Educação e Meios de Vida”, uma iniciativa do Comitê Olímpico Internacional que tem a parceria da Fundação SES, o ex-atleta foi o convidado do programa Podcast Debates Esportivos.

Na ocasião, Vanderlei Cordeiro de Lima – único latino-americano a receber a medalha Pierre de Coubertin, maior honraria do esporte -, bateu um papo com os jornalistas Paula Parreira, Wendell Pasquetto e Charlie Pereira. Ele contou sobre os desafios da carreira, claro, sem esquecer do ocorrido nos jogos da Grécia, quando foi agredido por Neil Horan, um ex-padre irlandês que invadiu a pista e o agarrou, prejudicando seu desempenho no fim da prova.

Encontro

Durante a entrevista, Vanderlei lembrou que recusou um encontro promovido pela imprensa internacional. A ideia era coloca-lo junto com o ex-padre irlandês, mas nada feito.

“A imprensa cogitou um encontro, mas nunca tive um olhar positivo pra isso, porque eu iria ao encontro do verdadeiro interesse dele de se promover a si mesmo. Até porque, ele já tinha pedido perdão pela mídia. Não tinha porque eu compartilhar e reviver um atitude que não foi exemplar. Acho que o mais importante foi o perdão no final da prova. Não tem maldade, não cultivo nada negativo”, disse Vanderlei.

E foi justamente o comportamento ético de Vanderlei Cordeiro de Lima após a prova, que fez com que fosse homenageado pelo Comitê Olímpico Internacional, ao receber a medalha Pierre de Coubertin.

“Essa honraria foi uma consequência da minha medalha de bronze, da maneira como conquistei. Embora aqui no Brasil a gente não tenha a cultura de reconhecer quem ganha prata e bronze, o Comitê fez essa reparação por causa da falta de segurança durante a prova”.

A volta e a medalha

No último mês de setembro, Vanderlei Cordeiro de Lima voltou à maratona olímpica de Atenas. Correu todo percurso em uma homenagem aos 19 anos dos jogos. Claro que “um filme passou” por sua cabeça, no entanto, o melhor foi o reconhecimento do público.

“No quilômetro 36 tinha uma aglomeração enorme e recebi muito carinho. Isso foi crucial para eu terminar a prova. Assim como foi naquele dia em 2004 também”, recordou o ex-maratonista, que reconhece que sua vida pessoal e sua carreira mudaram com o ocorrido em Atenas, porém, gostaria de ter tido chance de brigar igualmente com os adversários pelo ouro até o fim do percurso.

“Acho que não mudaria nada na minha vida se eu tivesse conquistado o ouro, mas a maneira como fiquei a medalha de bronze, mudou tudo. Porém trocaria tudo pelo ouro, pois me foi arrancada a chance de lutar até o final. Ali era um projeto de vida, de muitos e muitos anos de treino”, destacou Vanderlei, que brincou ao fazer as contas sobre a frase do início da reportagem: “Cada fio de cabelo perdido é um quilômetro percorrido”.

“Perdi muitos cabelos. Corri tanto que acho que daria umas três voltas no globo terrestre”.

Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Debates Esportivos

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