O verão, que começa nesta sexta-feira (22/12), deve ser mais quente que a média para esse período no Brasil. O país deve registrar temperaturas de ao menos um grau acima da média, além de possibilidades de novas ondas de calor ao longo dos próximos três meses. As informações são do Instituto Nacional de Meteorologia em Goiás (Inmet).
De acordo com a coordenadora do Inmet em Goiás, Elizabete Alves, o aquecimento global tem efeitos no aumento das temperaturas observados em 2023, mas uma convergência de fatores contribui diretamente para um verão mais quente. O El Niño, fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial, é um dos responsáveis pelo calor acima da média.
Outros dois fenômenos climáticos em ocorrência contribuem para a intensificação das temperaturas na segunda metade de 2023 e que deve perdurar durante o verão neste ano: o aquecimento das águas do oceano Atlântico e o chamado Dipolo do Oceano Índico, também conhecido como El Niño do Índico, que acontece quando há uma oscilação entre temperaturas altas e baixas no oceano.
“A diferença de temperatura quente e fria contribui para que a circulação dos ventos crie condições de menor volume de chuvas na região Centro-Norte do Brasil e mais chuvas no Sul. Então, o El Niño, aquecimento do Atlântico e Dipolo do Oceano Índico contribuíram para um novembro muito quente com ondas de calor levando a temperaturas altas, em torno de cinco graus acima da média por mais de dez dias, uma onda de calor bastante intensificada desde agosto”, explica Elizabete.
A coordenadora do Inmet em Goiás esclarece que as ondas de calor são difíceis de prever com antecedência, mas que a tendência é que elas se repitam durante o verão, principalmente na região sudeste. “Pode acontecer em janeiro e fevereiro, mas só conseguimos ter previsão com 15 dias de antecedência. No momento, não temos previsão de onda de calor, a tendência é regularidade de chuvas para o mês de janeiro, mas não é descartada (onda de calor)”, conclui.
Seca na Amazônia
O quadro de estiagem que se estabeleceu ao longo dos últimos meses na região Norte do país, principalmente na Amazônia, também deve se manter ao longo do verão. De acordo com o Inmet, embora o verão naturalmente traga mais chuvas, o volume não será suficiente para reabastecer os mananciais. “A condição da região amazônica durante o verão é o retorno do período chuvoso, mas não há tendência de continuar dentro da média, vai ficar abaixo da média no próximo trimestre”, afirma.
“Mesmo com chuva, não é uma chuva que venha trazer condição das cotas dos rios ficarem dentro da normalidade. A tendência é ficar abaixo da normalidade, tanto de chuvas quanto de temperatura, não há uma condição favorável de voltar a essa normalidade”, completa.
Para o restante do país, o volume de chuvas deve se manter dentro da média esperada, com algumas exceções. “No extremo sul do país teremos chuvas um pouco acima da normalidade, mas no Paraná e em Santa Catarina, vai ser abaixo da normalidade.”
A Zona de Convergência do Atlântico Sul é a responsável por regular o regime de chuvas a partir da umidade que vem do Norte, sobretudo da floresta amazônica, e se junta com a frente fria que vem da região sul, formando um canal até o oceano com chuvas mais persistentes.
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*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.